Troco likes
por Augusto Moya
Comprei um novo celular.
Dos muitos features e aplicativos, a câmera foi o que mais chamou a atenção.
Megapixels em profusão, centenas de efeitos, fotos comprovadamente melhores.
Fiz um selfie, óbvio.
Por que?
Tanta coisa mais legal para registrar, pensei.
Deletei imediatamente a imagem e respirei aliviado.
Hoje em dia, mais importante do que como, quando, onde e porque, é o quem.
Quem viu?
Quem deu like?
Quando foi que decidimos trocar nossas maravilhosas vidas 3D e se apaixonar pelo universo 2D das telas superlativas?
Prisão perpétua para o inventor do pau de selfie.
Segundo um estudo recente, bastam 16 minutos nas redes sociais para começarmos a ter sentimentos depressivos.
16 minutos.
A metade do tempo de um episódio da sua sitcom favorita.
Só que lá você se diverte mais.
Influencers.
Gurus.
Auto promoção.
Egos inflados.
Mentiras e exageros.
A persona na frente do trabalho.
A teoria na frente da prática.
E a pergunta que não sai da cabeça.
Como aumento o número dos meus seguidores?
Fico impressionado com o auto elogio de alguns colegas.
Antes que falem bem de mim, falo eu mesmo.
Seria ansiedade?
Cobrança exagerada?
Ou apenas baixa auto estima?
Rivotril para todos, garçom. Por minha conta.
E o que mais impressiona é que, assim como uma propaganda ruim, muita gente (eu, inclusive), ainda acredita no Instagram alheio.
Como publicitário, amo bons títulos de anúncios.
Dia desses, cruzei com o seguinte: Work hard in silence. Let success be your noise.
Criado para uma marca de tênis para corridas em montanhas, serve perfeitamente para nossas rotinas urbanas também.
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