Todo mundo é uma ilha
por Augusto Moya
Nome de música dos Engenheiros do Hawaii.
(Começamos bem esse texto, hein?)
Calma aí, vou explicar.
Domingo.
Almoço em família.
Quase todos olhando seus smartphones.
Meu pai, percebendo o fato, solta no ar, emblemático:
“A tecnologia aproxima as pessoas que estão longe e afasta as que estão perto.”
Verdade absoluta, Pai Mei style.
Você nem precisa pensar muito para perceber a mudança.
Faça um exercício rápido.
Quantas mensagens de aniversário você recebeu?
Muitas.
Quantas ligações?
Menos que mensagens.
E quantos abraços?
Eu sei, eu sei.
Mais prático mandar mensagem de voz pelo WhatsApp do que conversar.
Afinal, tecnologia serve para isso.
A tecnologia aproxima as pessoas que estão longe, lembra?
Fato é que nos acostumamos a marcar encontros que nunca acontecem.
Almoços teóricos, cafés em sonho, happy hours imaginários.
A justificativa é quase sempre a mesma.
Agenda ou trânsito ou cansaço.
A verdade absoluta é que fazer networking nunca foi tão importante, necessário e imprescindível quanto agora.
Mas seja ele pessoal, familiar ou profissional, não se esqueça que a tecnologia é só uma ferramenta.
Ferramentas tornam o trabalho mais fácil.
Pena que elas não fazem o trabalho por você.
No filme Contato (um dos meus preferidos), o personagem fala que a única coisa que torna o vazio sustentável, é o contato com os outros.
Para realizar esse encontro, é necessário construir a máquina mais cara e complexa da história.
Tudo para colocar uma única pessoa viajando zerentos milhões de quilômetros para encontrar com o alienígena.
Trabalhão, não?
Que tipo de contato você tem feito?
Superficial, tipo arroz de festa?
Ou tipo olho no olho, sincero, transparente, trocando juras de amor?
Vivemos em um imenso arquipélago de pequenas ilhas.
O que é melhor?
Ter um bom wi-fi ou construir uma ponte?