Saber se comunicar é saber ficar em silêncio
por Lygia Pontes
Durante a faculdade de Relações Públicas, era comum ouvir que eu estava no curso certo – Comunicação Social – porque eu gostava de falar com as pessoas, tinha facilidade para me apresentar em público e gostava de contar histórias. Eu adorava escutar isso, porque achava que essas eram as principais características de um bom comunicador.
Com o passar do tempo, eu me dei conta de que quanto menos eu falava, mais eu escutava, mais e, assim, conseguia me comunicar melhor. Vejo isso claramente no meu trabalho como advisor, consultora e palestrante em felicidade profissional e eficiência. Quanto mais eu escuto meus clientes mais claras ficam as necessidades deles e, consequentemente, mais eu consigo apoiá-los. Também percebo quantos contatos de qualidade eu fiz desde que adotei a postura de ouvir mais e falar menos. Outro ponto que destaco é o desenvolvimento do meu trabalho, visto que, ao prestar atenção ao que é dito, consigo ampliar meu repertório e aprender algo novo.
É claro que minha postura não mudou de um dia para o outro. Fiz isso aos poucos, com o apoio de pessoas em quem confio e também a partir de estudos. Destaco a seguir algumas recomendações:
- Aplique as “5 maneiras de escutar melhor“: apresentadas por Julian Treasure, especialista em som, durante palestra no TEDGlobal
- Use a Escuta extrema: o termo, cunhado pela educadora Nancy Kline, é apresentado por Caroline Webb, no livro “Como ter um dia ideal”. A autora explica que essa escuta pode ser muito útil nas relações de trabalho, porque ajuda o outro a pensar com clareza e, mais importante, com iniciativa. Para colocar a escuta extrema em prática, é necessário considerar os seguintes pontos:
- Não se trata de você
- O outro deve escolher o assunto
- Não interrompa o outro
- Mantenha contato visual com seu interlocutor
- Incentive o outro a continuar falando
- Faça perguntas qualificadoras: esse conceito, também apresentado no livro “Como ter um dia ideal”, de Caroline Webb, indica curiosidade genuína e consiste em fazer perguntas abertas, que convidam a pessoa a compartilhar seus pensamentos, motivações e sentimentos. Alguns exemplos de perguntas qualificadoras:
- O que está impossibilitando você de alcançar o resultado desejado?
- Como imagina o ambiente de trabalho ideal para você?
- Como surgiu o seu interesse por astrologia?
É claro que colocar todas essas recomendações em prática de uma vez é um grande desafio. Por isso, se perceber que não irá conseguir, tente apenas uma: escute mais e fale menos.
Foto: rawpixel no site Unsplash