Quem ajuda amigo é
por Augusto Moya
Leio que um carpinteiro aposentado já doou mais de 10 mil muletas e 4 mil bengalas em 48 anos.
Meu primeiro pensamento: tadinho dele.
Durante a maior parte desse tempo não haviam redes sociais, muito menos Internet.
E se ele postasse todo esse bom samaritanismo?
Já teria virado santo.
Adicione storytelling e, opa!, videocase premiado em festivais de criatividade.
Repito, tadinho dele.
Em tempos de engajamento, todo mundo quer levantar uma bandeira.
Várias, para ser sincero.
Ajudar refugiados, alimentar necessitados, protestar a favor (ou contra) algo.
O cardápio é vasto.
Necessário.
Faz bem para o espírito.
E tome post, share, textão.
Olhem só como sou boa pessoa.
Mas quem estamos ajudando mesmo?
Eles ou você?
É ajuda ou (auto) promoção?
A linha é tênue.
Ou você só é bom quando tem gente olhando?
Dando like?
Somos todos meios de comunicação, com target e audiência definidos.
E ajudar dá Ibope.
Curiosidade: quando foi a última vez que você realmente ajudou alguém?
Sem desejar nada em troca.
Não se iluda.
Certamente sou tão culpado quanto você.
Importante ressaltar que ajuda nem sempre é financeira.
Um ombro amigo quase sempre vale mais que cifras no banco.
Um conselho profissional.
Uma porta aberta.
Uma simples troca de idéias.
“O amigo ama em todo tempo, e na angústia nasce o irmão.”
Bonito, não?
Tá lá na Bíblia.
Mas se estivesse na minha página de Facebook, centenas de emojis simpáticos acompanhariam o provérbio.
Ainda acredito que seja mais eficaz ajudar em silêncio.
Ser invisível tem lá suas vantagens.
Quem sabe essa ajuda sincera retorne quando você mais precise.
Quem sabe?
Vai que a vida dá uns tapinhas nas costas depois.