Outros sons, outros espaços
por Angelo Mugia
Nas minhas andanças pela cidade a pé e nos meus
deslocamentos em ônibus e metrô, tenho podido apreciar muitas apresentações de
jovens artistas – músicos, atores, poetas -, que de forma inusitada e
espontânea divulgam seus talentos e recebem doações para continuarem seus
estudos e trabalhos.
Eu acho importante que as manifestações artísticas busquem novos espaços e
formas de chegar ao público, que rompam com atitudes passivas e que sejam
contatadas pelas pessoas. Nesse sentido, evento como a Virada Cultural, que acontece em São Paulo desde 2005 e oferece
atrações culturais gratuitas para pessoas de todas as faixas etárias, classes
sociais e gostos, é de grande importância. Inspirada na “Noite Branca”
francesa, a Virada Cultural ocupa
vários pontos da cidade, ao mesmo tempo durante 24 horas, sempre em um final de
semana em maio.
Na França, há uma celebração musical anual que acontece no dia 21 de junho
conhecida como Festa da Música (Fête de la Musique), na qual os cidadãos
de várias cidades são incentivados a tocar música em seus bairros, em espaços
públicos e parques. Neste vídeo dá para ver um pouco como foi esta festa em
Paris, em 2017: https://www.youtube.com/watch?v=sigayLupQNI
Um belo projeto que surgiu do canto nas ruas, em 2002, é o Playing for Change. Um de
seus fundadores – Mark Johnson, caminhava em Santa Monica (Califórnia) quando
ouviu a voz de Roger Ridley cantando “Stand
by me”. Impressionado pela voz e interpretação desse músico, ele perguntou
a Roger: “Com uma voz como a sua, por que você está cantando nas ruas? ”. E ele
respondeu: “Cara, eu estou no negócio do prazer. Eu gosto de estar perto das
pessoas”. Desse dia em diante, a equipe Playing
for Change tem viajado o mundo gravando e filmando músicos, com o
objetivo de inspirar e conectar o mundo através da música. Hoje, a Fundação Playing
for Change, organização sem fins lucrativos, dedica-se à construção de
escolas de música e arte para crianças em todo o mundo. Veja nestes vídeos um
pouco deste belo trabalho: https://www.youtube.com/watch?v=xiG_1ol4xzs
/ https://www.youtube.com/watch?v=Es3Vsfzdr14
Que surpresa boa pode ser andar na rua e ser surpreendido com a musicalidade e
virtuosismo de um contrabaixista, como este que estava tocando em uma rua do
Rio de Janeiro https://www.youtube.com/watch?v=VUUZfKe6vms
, deste violonista ucraniano https://www.youtube.com/watch?v=k3wBpuYsMmk,
pela voz e graça da cantora ZAZ, que
hoje é famosa e já esteve no Brasil, mas que já cantou muito nas ruas https://www.youtube.com/watch?v=qIMGuSZbmFI,
ou querer dançar ao som do Tuba Skinny
https://www.youtube.com/watch?v=bBINhDYXoEg
A música clássica também tem saído das salas de concerto e buscado contatar o
público mais jovem e o que não tem muito contato com as obras dos grandes
mestres da chamada música erudita. Aqui vocês podem ver três iniciativas,
algumas feitas em forma de flashmob,
com orquestras que ocuparam as ruas: https://www.youtube.com/watch?v=hEiqUycQfAg
/ https://www.youtube.com/watch?v=CaP__YTSv58
/ https://www.youtube.com/watch?v=GBaHPND2QJg
As manifestações musicais populares também encontram nas ruas o espaço ideal
para envolvimento do público como esta de tambores na Colômbia https://www.youtube.com/watch?v=0Pq8vOVbvzs
ou esta de Maracatu em Recife https://www.youtube.com/watch?v=UgsU3qeObX8
Imagino que as pessoas que estavam neste aeroporto aguardando seus voos ficaram
mais relaxados ao ouvir este jovem pianista https://www.youtube.com/watch?v=GBTEjwXB0GY
ou as que aguardavam na estação de trem curtiram a improvisação ao piano destes
dois jovens https://www.youtube.com/watch?v=4I_NYya-WWg
E o seu ouvido está aberto e livre para o som que vem da rua e espaços
inusitados?