O que você faz com o tempo que você tem?
por Ju De Mari
Muitas mulheres que me procuram para coaching trazem uma mesma insatisfação como ponto de partida: o que estão (ou não estão) fazendo com o tempo. A angústia vem da necessidade de conciliar papéis para atender expectativas externas versus o desejo de dar mais atenção ao que elas desejam internamente. Tem a ver com a sensação de fazer muitas coisas, freneticamente, mas não ter tempo para fazer o que realmente importa. Será que você se identifica com isso?
Depois que fiz minha transição de carreira há dois anos, de jornalista a coach para mulheres, tenho pensado bastante sobre esse tal tempo “produtivo”. Outro dia assisti a um documentário chamado “Quanto tempo o tempo tem?”. Ele está disponível na Netflix e foi feito por uma brasileira, que ouviu gente que, de uma forma ou de outra, estuda o assunto em diversos lugares do mundo. Tem falas de especialistas como o físico brasileiro Marcelo Gleiser, o filósofo francês André Comte-Sponville e o sociólogo italiano Domenico De Masi. Um dos pontos que o documentário explora e sobre os quais fiquei ruminando é a percepção de que o nosso tempo hoje está em falta porque está passando mais rápido – e o quanto isso tem a ver com o excesso de distração a que estamos submetidos atualmente.
A internet e as redes sociais trazem possibilidades maravilhosas de conexão entre assuntos, coisas e pessoas, para quem sabe usá-las, mas também podem gerar ansiedade e dispersão para quem acha que “tem que” responder às solicitações dos outros – e da própria curiosidade – no exato minuto em que elas ocorrem. E as solicitações são muitas! A chance de perder o foco e de se embrenhar em conversas ou pesquisas que não se conectam com nada que faça sentido pra gente no final são enormes. Quem já se viu acompanhando uma troca de mensagens em grupo no whatsapp ou uma troca de acusações no feed do Facebook sabe do que eu estou falando (quem nunca?!).
Aprender a lidar com distrações de uma forma menos passiva é uma etapa fundamental para colocar mais atenção e intenção naquilo que você realmente quer fazer. Todas aquelas mensagens, updates, memes e fotos perfeitas para o Instagram podem entreter você e podem ser ótimos momentos de respiro e de criatividade, desde que não estejam sendo usados para afastar você do esforço de se conectar ao que exige um pouco mais, ao que é mais chato de executar, ao que você não sabe muito bem como fazer e aí parece tudo tão complicado, não é assim? É por essas brechas, onde você troca a possibilidade de realização por conforto, que nasce a procrastinação e a consequente frustração. Mas são justamente essas brechas que você pode transformar em janelas de oportunidade se der prioridade ao que vem primeiro no seu ranking particular de objetivos e desejos.
Comece estudando seus hábitos cotidianos, suas maniazinhas e seus pequenos rituais. Será que a forma como você funciona está funcionando para o que você quer realizar? O que você precisa ajustar? Invista seu tempo para entender onde está fazendo bom uso do tempo como recurso e onde está deixando o tempo passar por puro condicionamento ou preguiça de mudar alguma coisa. Troque as distrações por atividades que tenham resultados positivos pra você. O tempo vai passar, de um jeito ou de outro. Você pode escolher se envolver com ele e criar um ritmo mais adequado ao que você quer agora ou ficar de espectadora nessa correria tão bonita chamada vida.