Natureza e os Sons
por Angelo Mugia
“Terra! És o mais
bonito dos planetas. Estão te maltratando por dinheiro, tu que é a nave, nossa
irmã”
(Beto Guedes / Ronaldo
Bastos)
No mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), sinto-me muito apreensivo vendo que no Brasil estamos vivendo uma guerra entre a atual gestão de governo em relação ao Meio Ambiente e as forças que resistem ao desmatamento e demais agressões à natureza. Sugiro que leiam a matéria “O Meio Ambiente como estorvo”, de Bernardo Esteves, publicada na revista Piauí (nº 153, de junho/2019), a qual expõe com profundidade como está sendo tratado este assunto.
Por esse motivo, volto-me para a Educação, Cultura e a Música, em particular, como forças de consciência e resistência para os tempos difíceis que estamos vivendo. Vou sugerir algumas obras em que a Natureza está presente, para refletirmos com a beleza de suas mensagens.
A primeira delas é de um dos grandes compositores da nossa terra, que carrega o Brasil até no nome: Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. “Águas de Março” em um registro memorável da gravação de Elis Regina com Tom Jobim https://www.youtube.com/watch?v=E1tOV7y94DY
Fábio Caramuru é produtor cultural, pianista e compositor paulista. Após dedicar-se por muitos anos ao repertório tradicional e brasileiro, sobretudo a arranjos e gravações da música de Tom Jobim, desde 2013, vem se dedicando ao projeto autoral “EcoMúsica”, baseado na interação entre música e sons da natureza brasileira em seus diversos ecossistemas. Veja o vídeo dele, com participação do bailarino e coreógrafo Ismael Ivo, realizado em Foz do Iguaçu
https://www.youtube.com/watch?v=wXAk8Up8Bj8
“Muito antes de Cabral chegar, e Portugal fazer a festa, o Jequitibá já era o Jequitibá, o Gigante da Floresta. O Brasil não chamava Brasil, não havia nenhuma cidade, de o Gigante tinha mil, mil anos de idade” Apreciem esta parte da letra da canção “Uma bolinha marrom” na animação que foi feita sobre a gravação da Turma do Cocoricó e Hélio Ziskindhttps://www.youtube.com/watch?v=YE4oGLfyrlo
“Naquele curió mora um pessegueiro. Em todo rouxinol tem sempre um jasmineiro. Todo bem-te-vi carrega uma paineira, tem sempre um colibri que gosta de jatobá… A ordem das árvores não altera o passarinho”. Canção de Tulipa Ruiz que pode ser apreciada nesta apresentação junto a Arnaldo Antunes https://www.youtube.com/watch?v=j7t5US61EjU
Na nova canção de Emicida – “Passarinhos” -, com participação de Vanessa da Mata, os livros são portas de consciência para que possamos, como “passarinhos soltos a voar dispostos a achar um ninho, nem que seja no peito um do outro” https://www.youtube.com/watch?v=IJcmLHjjAJ4
O trecho que abriu este texto é da canção “Sal da Terra”, que pode ser ouvida na voz da menina Rafa Moraes, para a trilha do filme “A Menina Índigo” https://www.youtube.com/watch?v=xOxfDePcnLM
Em 2014, o cineasta alemão Wim Wenders, junto a Juliano Ribeiro Salgado, realizaram o documentário “O Sal da Terra”. O filme conta um pouco da longa trajetória do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, apresenta seu ambicioso projeto “Gênesis”, expedição fotográfica que registra civilizações e regiões do planeta até então inexploradas, e mostra o trabalho ambiental realizado por ele no Instituto Terra. Vejam o trailer https://www.youtube.com/watch?v=djTFzYLiAw0
Encerro com uma frase de Wim Wenders nesse documentário: “Afinal, as pessoas são o sal da terra”.