E se a força é tua, ela um dia é nossa
por Angelo Mugia
“Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem,
apenas sei de diversas harmonias possíveis sem juízo final.”
(Fora da Ordem, Caetano Veloso)
A Cultura Brasileira vem sendo atacada fortemente pelo atual governo brasileiro, que elegeu a classe artística como inimiga a ser combatida. Junto ao Meio Ambiente, Direitos Humanos e Educação, tem sofrido desmontes e sentido todo um esforço de destruição. Durante um evento da UNESCO, o novo secretário especial de Cultura do governo fez um discurso que chocou o mundo. Dias depois, em Lisboa, esse mesmo secretário interrompeu e ofendeu um palestrante da Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola, somente para citar alguns absurdos.
Nos últimos dias, o novo presidente da FUNARTE ficou famoso, já que era um “desconhecido” músico, expondo suas ideias absurdas, como “o rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito pesada, que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o Diabo”. Para ditos absurdos como esse, só tirando muito sarro inteligente e ouvindo “Esse tal de Roque Enrow” de Rita Lee, com ela dividindo o palco com Pitty – https://www.youtube.com/watch?v=KVPJQgk2BF4
O atual governo, com sua política de desmonte cultural de tudo que se construiu nas últimas décadas, é cega à riqueza artística do Brasil. Não vê que a alma brasileira é feita da mistura e da contradição, de onde vem o charme da nossa nação, tão bem descrita e cantada por Lenine em “Jack Soul Brasileiro” – https://www.youtube.com/watch?v=iVcVS1OPWR8
Quando um monarquista nomeado para ser presidente da Fundação Biblioteca Nacional, que se diz “aspirante a filósofo”, afirma que “livros didáticos estão cheios das músicas de Caetano Veloso, Gabriel o Pensador, Legião Urbana. Depois não sabem por que o País está cheio de analfabeto”, temos que nos vacinar contra tanta besteira e ouvir o que realmente importa – Caetano Veloso em “Fora da Ordem” – https://www.youtube.com/watch?v=-o59Lwkaxng
O que estamos vivendo hoje nos preocupa por nos remeter à falta de liberdade de expressão que sofremos no período ditatorial e que vivemos por mais de vinte anos no Brasil. Como a Arte é transgressora e libertária na sua essência e que um povo culto é formado por seres pensantes, um governo reacionário e repressivo tenta impor seu ideário e censurar o que for diferente disso. A música “Pesadelo”, de Maurício Tapajós e Paulo Cesar Pinheiro, composta na época da ditadura e lançada pelo grupo vocal MPB 4, continua muito atual, cuja uma das frases usei para título deste artigo. Ouça essa canção na versão da cantora Daíra Saboia https://www.youtube.com/watch?v=aYT8ZBnYOa8
Para encerrar este texto, temos que enfrentar estes tempos difíceis, com atitudes fortes e firmes, buscando união e respeito, andando com fé e esperança. “Desesperar jamais”, com Ivan Lins e Mariana Aydar – https://www.youtube.com/watch?v=nwCuCPsE6xo
“Mas agora, acho que chegou a hora de fazer valer o
dito popular.
Desesperar jamais, cutucou por baixo, o de cima cai”
(Ivan Lins / Vitor Martins)