Calendário inspirador para 2022 – Parte 2
por Renata Frade
Mais dicas de livros, séries e filmes baseados na vida e obra de mulheres que fizeram História
Julho:
Marie Curie foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, a única mulher a ganhar dois Nobel e a única premiada a ser reconhecida em dois campos científicos distintos. Na Física, em 1903, foi reconhecida por ter desenvolvido a teoria da radiação, e na Química, em 1911, por ter descoberto as substâncias polônio e o rádio.
Para conhecer detalhes da trajetória inspiradora de Marie Curie (e compartilhar com amigos, filhos, família), recomendo um filme e livro. Está disponível na Netflix a biografia Radioativo. Marie Curie é interpretada pela ótima atriz Rosamund Pike e explica de forma didática e interessante detalhes de processos científicos vividos pela cientista. O filme também apresenta desdobramentos no futuro das descobertas de Marie Curie relacionadas à radiação, como tratamento do câncer e armas bélicas.
A comunicação de ciência é fundamental também junto ao público infantojuvenil. Por isto, indico o livro Gente pequena, Grandes sonhos. Marie Curie: Volume 1 (editora Catapulta), da escritora espanhola Maria Isabel Sánchez Vegara. A obra aborda aspectos da vida da cientista com lindas ilustrações.
Agosto:
Jane Goodall é primatóloga, etóloga e antropóloga britânica. Estudou os chimpanzés da Tanzânia por 40 anos. É mensageira da paz das Nações Unidas. À frente do Jane Goodall Institute, é ativista defensora dos animais também pela Humane Society of the United States. Reconhecida internacionalmente a cientista já foi homenageada com honrarias acadêmicas e prêmios científicos.
Recomendo dois documentários que ressaltam as dificuldades e superação de mulheres que dedicam suas vidas à Ciência. Um deles é Jane: a mãe dos chimpanzés, disponível na Disney Plus (National Geographic). Reúne cem horas de gravações inéditas feitas pelo cinegrafista Hugo Van Lawick, nos anos 1960, do trabalho da cientista junto aos chimpanzés.
O outro filme é Elas na Ciência, disponível no Netflix, que apresenta o cotidiano de três cientistas que buscam desenvolver seu trabalho em ambiente com desigualdade de gênero.
Setembro:
Angela Davis é uma das principais ativistas e feministas surgidas nos últimos anos. A norte-americana é filósofa, escritora, professora. Tornou-se conhecida mundialmente na década de 1970 como integrante do Partido Comunista dos Estados Unidos, dos Panteras Negras, por sua militância pelos direitos das mulheres e contra a discriminação social e racial. Para compreender melhor sua personalidade e luta, indico A liberdade é uma luta constante, lançado pela Boitempo. Trata-se da reunião de artigos publicados entre 2013 e 2015 em diversos países sobre o movimento e o feminismo negro, violência contra a mulher, injustiças e busca pela liberdade.
Na linha combativa de Angela Davis, quero sugerir um combo Emicida. No Globoplay você pode assistir à série documental apresentada pelo artista, O Enigma da Energia Escura. São cinco episódios de diretoras e diretores negros que abordam a desigualdade racial, blocos afros de Salvador, conceito de raça como elemento de discriminação histórica social, visões da antropóloga Lélia Gonzalez sobre a herança africana no Brasil, sabedoria ancestral para salvar a humanidade.
O outro documentário é o registro do show e dos bastidores de produção do álbum Amarelo, em Amarelo: é tudo para ontem, na Netflix. É de uma beleza singular, com registros de conversas do músico com artistas como Gilberto Gil, Fernanda Montenegro, Zeca Pagodinho e Pabllo Vittar. Indicado ao Emmy International 2021.
Outubro:
Falecida em 2021, a escritora e ativista social, participante do movimento feminista negro, bell hooks teve uma vida e obra que transcendeu debates académicos de renome. Sua postura e visão amorosa e humanista se espelham em uma produção que aborda o amor, a arte, educação (Paulo Freire foi uma inspiração), história, entre outros temas.
Em meio a tantos livros relevantes, quero sugerir um que pode se inspirador para a vida inteira: Tudo sobre o amor: novas perspectivas, da Elefante Editora. O amor é tema central em debates sobre as relações familiares, afetivas e religiosas. É uma força que convoca a ação para mudar o mundo e as relações de poder, para criar uma sociedade mais justa e igualitária.
Novembro:
Virginia Woolf é uma das principais escritoras inglesas. Alguns de seus romances são conhecidos mundialmente, como Mrs. Dalloway e Orlando. Foi também fundadora do grupo de Bloomsbury, formado por artistas e intelectuais britânicos, entre 1905 e o fim da II Guerra Mundial. Foi autora de ensaios críticos e contos publicados em periódicos e em forma de livros.
Em 1910 participa da campanha a favor do voto feminino. Feminista e defensora da emancipação feminina, publicou um livro que, apesar de antigo, continua muito atual sobre estas temáticas e que recomendo que leia, é apaixonante: Um teto só seu. Li a edição da Tordesilhas, de 2014.
Dezembro:
Personalidade marcante do feminismo negro, Audre Lorde foi uma autora lésbica e ativista dos direitos civis. Foi autora de livros de poesia e de ensaios sobre racismo, feminismo, violência. Criou a teoria da diferença: a oposição binária entre homens e mulheres é reducionista, há diversas expressões e categorias do que representa o que é ser mulher.
Recomendo como um bom desfecho para este ano e para as dicas dos meses anteriores uma obra que é uma organização de artigos sobre diversos prismas feministas de teóricas brasileiras e internacional, publicada pela Bazar do Tempo, chamada Pensamento Feminista: Conceitos fundamentais. Audre Lorde, Donna Haraway, Maria Lugones, Nancy Fraser, Sandra Harding, Judith Butler, Lélia Gonzales e Sueli Carneiro são algumas das autoras.