Buscar menos. Encontrar-se mais.
por Michelle Prazeres
Em dezembro do ano passado, uma amiga querida me deu um exemplar de “Essencialismo: a disciplinada busca por menos”, do autor Greg McKeown (Editora Sextante, 2015).
Na obra, o autor defende a ideia de que precisamos saber escolher e discernir o que é importante do que não é. E que este é o verdadeiro encontro com o que é essencial. Este encontro é precioso e pode promover transformações incríveis nas nossas vidas. Ao compreender o que é prioritário para você, você passa a fazer boas escolhas, entende o que é fundamental e “perde para ganhar”, ou seja: você escolhe também que tipo de problema você quer na vida.
O pensamento do autor se aproxima bastante do que pensamos no Desacelera SP sobre consciência temporal (que em resumo é a sua capacidade de fazer boas escolhas de tempo, dedicar-se ao que de fato é prioritário e não ao que é urgente, rever seus contratos de tempo e falar de forma transparente e franca sobre o tempo nas suas relações); à suficiência (consumir apenas o que é necessário e eliminar os excessos, pensando na chave da abundância e não da escassez); e ao decrescimento (a ideia de que se continuarmos – como humanidade – almejando apenas crescer, vamos chegar rapidamente ao esgotamento de nossos recursos humanos, naturais e sociais).
Em seu livro, McKeown trata de um dos aspectos destas escolhas.Na primeira parte, ele fala sobre a mentalidade do essencialista (a pessoa que vive com o essencial e que se orienta pela “filosofia” do essencialismo). Na segunda parte, ele mostra como podemos discernir as muitas trivialidades do pouco que é vital. Com verbos simples e exemplos da vida cotidiana, o autor aponta para um caminho para o essencial, que passa por escapar, olhar, brincar, dormir e selecionar.
Na terceira parte, ele mostra como eliminar o excesso e excluir as muitas coisas triviais. E na última parte, ele mostra como fazer “quase sem esforço” as poucas coisas que são vitais.
Ainda que eu tenha um certo ‘nervoso’ com estas obras que são parecidas com ‘manuais’, penso que é o modo como apreendemos estas “dicas” que pode fazer a diferença na vida de cada um(a).
Quando McKeown fala que nossa maior prioridade é proteger a capacidade de priorizar, ele me captura para essa leitura, porque toca em algo que faz muito sentido para mim: se quisermos fazer boas escolhas, precisamos ter as rédeas do nosso tempo nas nossas mãos.
Se não pudermos conhecer, reconhecer e eleger nossas prioridades, alguém o fará por nós. E esse “alguém” tem sido o “mundo lá fora”, o mercado, o trabalho o consumo… sempre apressado, urgente, veloz e desconectado – muitas vezes – do nosso mundo interior, das nossas relações, dos nossos sentimentos e emoções.
Precisamos resgatar nosso poder de escolher o que fazemos com nosso tempo. Quando temos o domínio destas escolhas tão essenciais, temos menos para sermos mais.