As estações do ano e os doze signos do zodíaco
por Titi Vidal
The river runs, the round words spins,
Dawn and lamplight, midnight, noon.
Sun follows day, night stard and moon,
The day ends, the end begins. – Jean Renoir[1]
Pensando especificamente sobre as estações do ano, esse ciclo que se repete está diretamente ligado aos signos do zodíaco.
Ao se referir a este ciclo, John Towley (1995: 37) considera:
…os efeitos astrológicos desse ciclo estão muito bem-definidos e, na verdade, chegam a constituir a base fundamental desse campo, pois é a divisão desse ciclo em 12 que determina os signos do zodíaco, o pano de fundo sobre o qual se passam todas as ocorrências astrológicas.
Ou seja, imaginamos uma linha de 360o em torno da Terra, chamada eclíptica, por onde o Sol aparentemente caminha. Divide-se este círculo em 12 e temos os 12 signos astrológicos. Divide-se em 4 e temos as 4 estações do ano, nitidamente compostas por 3 diferentes fases, num total de 12, que são os signos. Assim, os ciclos de todos os planetas “ganham significação por estarem dispostos sobre o campo criado pelo ciclo solar anual, com o início das estações indicando os signos dianteiros, ou os signos cardinais” (TOWNLEY, 1995:37).
São, portanto, quatro estações no ano, cada uma delas divididas em três meses, ou em três signos. Cada estação tem início em um equinócio ou solstício. Cada estação tem início exatamente quando o Sol ingressa em um signo cardinal, marcando o início de uma nova fase. Cada estação tem seu ápice durante o trânsito do Sol por um signo fixo, que potencializa e marca a manutenção daquele clima. O último mês de cada estação ocorre durante o trânsito astrológico do Sol por um signo mutável, que permite a transição de uma fase para a seguinte.
Dessa forma, cada estação tem início com o ingresso do Sol em um signo cardinal. No entanto, em cada estação o início é marcado por um elemento diferente.
A relação entre os significados do signos astrológicos e as estações do ano têm como referência o hemisfério norte, origem da Astrologia e região do planeta onde vive o maior número de pessoas. Diante dessa percepção de que no hemisfério sul as características dos signos que se relacionam às estações no hemisfério norte não são invertidas, John Towley (1995:38) questina-se sobre o que determinaria as particularidades de cada signo, se suas origens não são as estações do ano. E ele mesmo responde:
O mais provável é que seja uma combinação de fatores. Culturamente falando, as características dos signos, com certeza, foram influenciadas pelas características das estações do hemisfério norte, pois foi aí que a astrologia se desenvolveu, entre outras teorias.
Também o fato de que a maior parte de terra e da população do planeta vive no hemisfério norte tem a ver com essa relação direta entre a essência dos signos e as estações do ano. Isso porque em cada época a maior parte da população está vivendo aquela energia.
Para Ptolomeu, “o zodiaco é o ano e as suas quarto estações” (BARBAULT, 2004:69).
Assim, os signos relacionam-se às estações do ano da seguinte maneira:
Primavera – Áries, Touro e Gêmeos
The season brings forth flowers, which may bring forth thorns. April is the month of love: love of the world’s exquisite beuties, and of a man for a woman love found, or sometimes onky grasped and lost, during this delicate time of beauty and regeneration. The transience of life’s passion is fekt most keenly not during gray winter but in april, when the earth returns from the underworld , singinf the song of heartbroken Orpheus. – Michael Judge[2]
Assim, a primavera tem início quando acontece o ingresso do Sol no signo de Áries.
Áries, signo de fogo cardinal, a vida em movimento, querendo acontecer. É aquela faísca cheia de vida, do fogo que quer queimar e se espalhar. Na natureza, nascem as flores e o astral fica mais animado, cheio de vida e alegria.
O segundo mês da primavera acontece durante o trânsito do Sol pelo signo de Touro. A terra fixa, o auge da fertilidade, a promessa da vida que se mantém. É hora de plantar mais sementes, que serão fixadas na terra fértil. E é o momento de máxima beleza na natureza, com as flores e o colorido por toda parte. É uma estação mais segura e estável e que possui a beleza do signo de touro, que rege também as flores, a beleza e a arte, reproduzindo na vida humana o que acontece na natureza.
A terceira fase da primavera acontece com o Sol transitando pelo signo de gêmeos, ar mutável, anunciando a transição para uma nova estação. É uma fase colorida, alegre, florida, com diversidade na natureza. É a transição para o verão, momento de mais calor e energia. A alegria e a leveza geminianas estão presentes na natureza, anunciando que a estação mais quente do ano está para chegar.
Verão – Câncer, Leão e Virgem
Once again, the calendar is predictive of changes in the natural world. marriage between the sun and the earth is made while the light still blazes – insurance against the distant but coming winter that coincides with the approaching harvest. – Michael Judge[3]
O verão começa com o solstício – momento em que aparentemente o Sol cruza a linha do horizonte e passa para o hemisfério norte – que acontece com o ingresso desse Sol no signo de Câncer, água cardinal, a emoção em ação. Esse signo que precisa de segurança porque sabe que o Sol sempre volta a brilhar. É o mês das férias, em que a família pode se reunir.
O ápice do verão acontece durante o trânsito do Sol pelo signo de Leão, regido por ele, fogo fixo. É o momento mais quente do ano. A energia pulsando e querendo viver. As pessoas vão para as ruas, querem Sol e querem se relacionar. Querem se divertir à Luz do dia e no calor da noite.
Então o Sol ingressa no signo de Virgem, terra mutável e o mundo se prepara para uma nova estação. Ainda é quente, mas é hora de cuidar de coisas práticas e se preparar porque daqui em diante, aos poucos, começa a esfriar. É hora, portanto, de colher os últimos frutos e poupar toda energia adquirida ao longo de todo verão.
Outono – Libra, Escorpião e Sagitário
October is the antipode of april. Just as the earth opens gloriousky in the early days of spring, so does she close gloriouly in the infancy of winter.
…
In october nature surrenders herself to death with a magnanimity that shames her observers into recalling the brevity of life’s gift. During the shortening days and splendid nights of this loveliest of months, we recall the past, the bitter and the sweet. old lovers are remembered , and other fallen summers, and spirits are glimpsed at the verge of the flaming wood. – Michael Judge[4]
Quando acontece o equinócio, marcando o ingresso do Sol no signo de Libra, ar cardinal, começa o outono. O pensamento entra em ação porque precisa se preparar para possíveis perdas. Começa a esfriar e tudo que se quer é estar com alguém. Busca-se o calor do outro, dividir as tarefas e compartilhar tudo que foi colhido no fim da primavera. A paisagem muda e a beleza dessa época nem tão quente nem tão fria é única. É um momento de mais equilíbrio, em que noite e dia são iguais (no equinócio) e de temperatura mais amena.
O ápice do outubro acontece durante o trânsito do Sol pelo signo de Escorpião, água fixa. As folhas caem e as pessoas precisam lidar com a perda, com o astral mais escuro e sombrio. É um momento de conscientização de que tudo tem seu tempo, seu ciclo e que tudo se transforma. Muda a paisagem e vem a percepção de que é necessário guardar, poupar para não sofrer pela falta. Também vem a percepção de que não se pode acumular tudo e que algumas coisas precisam partir, como as folhas das árvores.
O último mês do outono acontece com o trânsito do Sol pelo signo de Sagitário, fogo mutável, trazendo um clima mais otimista em relação à próxima fase, que apesar de mais fria será mais estável. É um momento de mais alegria porque depois de poupar agora é preciso sair para o mundo antes que esfrie demais.
Inverno – Capricórnio, Aquário e Peixes
January is still a month of dualities and contradictions. Although it is thought of as the opening of gloomy winter after the lights and joys of the holidays, January is also one of the most beautiful months of the year. Nature reveals herself without artifice. Sunlight falls on bare branch, on stone or erath, revealing the hidden contours of nature, the simple skeleton of creation.
…
January bears a vast silence that teaches us to waint for a moment between what came before, and what will follow after. – Michael Judge[5]
Quando acontece o solstício tem início o inverno. Isso acontece com o ingresso do Sol no signo de Capricórnio, terra cardinal, e sua aparente transição para o hemisfério sul. Começa a esfriar e é preciso trabalhar para estocar alimento e que mais for necessário para sobreviver ao frio. As pessoas se recolhem e aparentemente ficam mais frias, seja pelo próprio frio, pelo excesso de roupas ou pela necessidade de poupar energia, que deixa o clima mais melancólico.
O mês mais frio do ano, o ápice do inverno, acontece com o trânsito do Sol no signo de Aquário, ar fixo. As pessoas se encontram, compartilham e confraternizam, mas há um clima de mais impessoalidade e frieza. Está muito frio e é preciso poupar energia, manter as coisas como estão, apesar da vontade de manter a mente aberta. As águas congelam e a paisagem é estável.
O último mês do inverno acontece com Sol no signo de Peixes, água mutável. O frio é menos intenso e a água começa a descongelar. Vem a consciência que logo começa a esquentar, que as flores já vão nascer outra vez. O mundo fica mais agitado e o astral, apesar de ainda melancólico fica mais instável, trazendo a ideia de movimento e descongelamento emocional. O clima é de romantismo, especialmente pela percepção do fim de todo um ciclo, que logo começa outra vez, quando vem o equinócio e o ingresso do Sol no signo de Áries: tudo novo de novo, outra vez.
[1] JUDGE, Michael. The Dance of Time: The Origins of the Calendar. New York: Arcade Publishing, 2004.
[2] JUDGE, Michael. The Dance of Time: The Origins of the Calendar. New York: Arcade Publishing, 2004.
[3] JUDGE, Michael. The Dance of Time: The Origins of the Calendar. New York: Arcade Publishing, 2004
[4] JUDGE, Michael. The Dance of Time: The Origins of the Calendar. New York: Arcade Publishing, 2004
[5] JUDGE, Michael. The Dance of Time: The Origins of the Calendar. New York: Arcade Publishing, 2004
BARBAUT, André. O universo astrológico dos quatro elementos. Rio de Janeiro: Espaço do Céu, 2004.
______. Tratado prático de Astrologia. 2 ed. São Paulo: Cultrix, 1990.
TOWNLEY, John. Ciclos astrológicos e períodos de crise. 2 ed. São Paulo: Pensamento, 1998.