A Fronteira, um do melhores livros que eu já li
por Titi Vidal
e também o que mais levei tempo para ler
Uma coisa que a gente sempre escuta ultimamente é sobre como temos levado mais tempo para ler um livro. A tecnologia ao nosso redor tira nosso foco e atenção o tempo todo. Estamos lendo imersos no livro, porém qualquer barulho é suficiente para desviar nosso foco e vira e mexe damos aquela olhadinha básica no celular que, muitas vezes, vira um tempão e perdemos um tanto de tempo de leitura. Confesso que isso também tem acontecido comigo.
Porém, não atribuo a isso somente a demora em terminar o livro A Fronteira, da escritora norueguesa Erika Fatland, que comecei em janeiro e só terminei agora, em novembro de 2025. A verdade é que nesse meio tempo li outros livros de cabo a rabo, ou seja, comecei e terminei vários outros, além de ter começado e abandonado ou deixado para mais tarde outro tanto. Como boa geminiana, essa leitura de vários livros ao mesmo tempo já é de costume pra mim. Em geral, estou lendo pelo menos um livro mais sério ou técnico, um romance e outro livro mais ligado a História ou uma biografia, por exemplo.
Acontece que A Fronteira não é mesmo um livro tão simples de ler. Pelo menos não para quem é curioso e profundo, como eu sou. A escrita é deliciosa e a gente quer ler sem parar, do começo ao fim. Por sinal, esse é um dos livros mais bem escritos que já li. Erika é agradável mesmo quando fala sobre temas tão densos e profundos.
Ela também é uma pessoa bem corajosa, uma mulher que viaja sozinha por territórios que muita gente nem ousa entrar. E vai compartilhando essas aventuras com a gente.
No livro A Fronteira: uma viagem em torno da Rússia, Erika percorre toda a fronteira da Rússia, todos lugares que fazem ou já fizeram fronteira com o país e, assim, nos convida a entender a própria história russa.
Ela aborda temas históricos, geopolíticos, questões humanas. Em sua escrita agradável e reflexiva, mistura narrativas históricas, conta sobre conflitos e mudanças geopolíticas e vai contando sua própria vivência e experiência por onde passa. Quando passa por lugares que já esteve, inclui suas próprias memórias do passado e comparações entre temos passado e presente. Além disso, Erika, como a boa jornalista que é, vai entrevistando pessoas que passam a fazer parte dessas narrativas. Assim, ela nos conta histórias pessoais de seus entrevistados, suas origens e memórias, sua relação com cada lugar. É através principalmente dessas histórias humanas que a História russa (e de seus vizinhos) é contada.
Embarcamos com ela nessa jornada e revivemos com ela essa História por vezes tão dura e desafiadora. Ao compartilhar fatos históricos e datas, nos faz pensar, pesquisar. Esse foi um dos principais motivos da minha demora em ler esse livro. Como curiosa e astróloga especialista em Astrologia Mundial, parei muitas vezes para fazer pesquisas astrológicas sobre das datas em questão. Outro motivo da minha demora foi o tanto de reflexões sobre a História mundial que esse livro me trouxe. É impressionante como muitas culturas se relacionam, como a História e a Geopolítica são constantemente transitórias e transformadas e como tanta gente vive tanta coisa diferente nesse mundo. Ainda que esse não seja o objetivo principal do livro, inclusive, me fez pensar muito sobre minha própria vida e relação com o mundo.
Também fiz algumas pausas reflexivas ao me deparar com sua passagem por lugares que pouco tempo depois foram novamente imersos em guerras e conflitos e outra vez destruídos. Também pensei muito sobre quando estive na Rússia, em 2019.
Enfim, não quero dar mais spoilers. Mas quero deixar o convite para essa leitura, que vale demais a pena.
O livro é grande, são quase 700 páginas ricas em conteúdo, denso, profundo e reflexivo. Mas em uma escrita leve, fluída, empática e corajosa. Vale cada linha e eu tenho certeza que é um livro capaz de nos transformar em seres humanos melhores.
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Eu sei que gostei tanto desse livro que fiquei até triste quando terminei e já comprei o livro mais recente da Erika Fatland (o mais recente já traduzido para o português), Nas alturas: uma viagem pelo Himalaia, que começarei a ler em breve e volto para contar.
E, antes de finalizar, mais uma curiosidade: a História da Rússia e da União Soviética é contada, astrologicamente, pelo desenvolvimento do ciclo entre Saturno e Netuno e essa foi uma das principais pesquisas que fiz (de novo) enquanto lia. Todos os marcos históricos sempre acontecem no desenvolvimento desse ciclo, com Saturno e Netuno em aspecto entre si. Pretendo também escrever um artigo sobre isso em algum momento. Agora, prestes a viver uma nova conjunção entre Saturno e Netuno, certamente teremos novos capítulos dessa História e mais prováveis mudanças na liderança do país e em sua geopolítica, não só na Rússia em si, mas em seus vizinhos, todos imersos na relação entre ambos os planetas.
Se você já leu ou depois que fizer sua leitura do livro A Fronteira, me conte o que achou. Vou adorar trocar ideias sobre ele com alguém.
Boa leitura.
Titi Vidal
