A crise da meia idade do ponto de vista astrológico
por Titi Vidal
O que acontece com a gente entre os 40 e 45 anos
Astrologia é o estudo dos ciclos. Observamos os ciclos celestes e relacionamos com o que acontece nos ciclos terrestres. Estudamos a repetição dos ciclos, de forma a fazer previsões eficientes. Analisamos os ciclos da nossa vida, com base nessas repetições e no desenvolvimento cíclico do nosso mapa ao longo da vida.
Nascemos com um mapa astral que permanece o mesmo ao longo de toda nossa vida.
Esse mapa vai sendo vivido de diferentes maneiras dependendo do nosso nível de autoconhecimento e experiência de vida, entre outros fatores.
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Podemos pensar que esse mapa astral vai se desenvolvendo ao longo da vida, aspectando ele mesmo e mostrando, a cada momento, as condições atuais do nosso “barco”. É o que chamamos de progressões astrológicas.
Enquanto isso, podemos pensar que esse barco vai navegando por águas mais ou menos tranquilas, com o tempo mais chuvoso ou ensolarado. É o que chamamos de trânsitos.
Mas, alguns desses ciclos são coletivos, geracionais, e acontecem para todos nós nas mesmas idades.
Ainda assim, cada um de nós tende a viver cada um desses ciclos com base em seu próprio mapa natal e momento astrológico específico.
Em um episódio do Podcast Astrológicas falamos de cada um desses ciclos, do nascimento até os 90 anos de idade:
Desses ciclos, o mais famoso e conhecido é o Retorno de Saturno, que acontece por volta dos 29 anos e ficou famoso como sendo a “crise dos 30”. Um momento de amadurecimento e ganho de responsabilidade, no qual muita gente sente algumas dificuldades e/ou toma decisões muito importantes. Esse ciclo se repete a cada aproximadamente 30 anos, portanto, novamente pouco antes dos 60 e depois dos 90 anos.
Mas entre os ciclos bastante intensos e significativos, estão alguns que vivemos entre 40 e 50 anos, mais especificamente entre 40 e 44 anos, quando muitos ciclos se repetem ao mesmo tempo.
Por volta de 39 anos, Júpiter quadra Júpiter, nos deixando na expectativa de chegar aos 40, com sonhos e planos sendo revistos. Por volta de 42 anos, 3 ciclos importantes acontecem simultaneamente: Saturno está oposto a Saturno, em um momento de ajuste de rota, de mostrar limites e de nos fazer enxergar que estamos envelhecendo. Enquanto isso, Netuno está quadrando Netuno, trazendo uma nova visão sobre muita coisa. Podemos nos desiludir, muitas coisas perdem sentido e significado. Além disso, Urano está oposto a Urano nessa fase, levando muita gente a jogar tudo pro alto. Aos 49 viveremos outro aspecto de Saturno com ele mesmo, fechando essa “década” ao fazer 50 anos.
Como esses trânsitos são chamados lentos, por orbe ficam bastante tempo e por isso pelo menos de 40 a 44 anos estamos sob efeitos de Netuno e Urano e boa parte disso, de Saturno.
O que vemos na prática é que é justamente o primeiro momento no qual muita gente passa a perceber que um dia vai envelhecer. É comum que por volta dessa idade venha a tal “vista cansada”, astrologicamente provocada por Netuno, que faz com que muita gente passe a precisar de óculos para perto. O momento do ciclo de Saturno pode trazer uma percepção de envelhecimento, que pode mexer com o corpo físico e trazer alguns cabelos brancos. Pra muita gente, os primeiros. Mas nessa fase Saturno também repete um aspecto que acontece no início da adolescência por volta dos 14 anos. Quando pensamos nisso e associamos também as questões de Urano, muita gente decide correr contra o tempo perdido.
Isso tudo ao mesmo tempo costuma levar a mudanças, rupturas e questionamentos significativos. Com a percepção do que foi ou não construído até aqui, muita gente revê e ajusta a rota. Muitas vezes, de um jeito abrupto e radical. Ou a própria vida se encarrega de trazer essas mudanças.
Atendendo tanta gente ao longo de tantos anos, o que noto é que aquelas pessoas que chegam à conclusão de terem feito boas escolhas, nessa fase estão colhendo esses frutos e planejando um futuro no qual possam fazer o que ainda têm desejo, ou seguir crescendo na mesma direção. Mesmo essas não estão isentas de algumas crises que aparecem pelo caminho.
Por outro lado, é comum ver gente percebendo que construiu castelos em cima de areia ou que o que até então era bom, agora não funciona mais. Nesse caso, chegam as crises e as possíveis mudanças.
Quem ainda não tem filhos, passa a questionar. Especialmente as mulheres. E, mesmo as que nunca pensaram ou desejaram, muitas delas passam a se perguntar a respeito.
Quem não guardou dinheiro começa a se preocupar. Quem não gosta do trabalho ou está infeliz no casamento, passa a se questionar. As inquietações podem levar a sofrimento e/ou grandes mudanças na vida.
Recentemente, estudos científicos apontaram que as duas idades mais críticas em termos de envelhecimento físico acontecem aos 44 e aos 60 anos, curiosamente idades nas quais muitos aspectos astrológicos já estão apontando nessa direção (em breve escreverei sobre a próxima crise, dos 60 anos).
Quanto aos 44, tema desse artigo, é muito sincrônico que esse envelhecimento venha “de uma vez” ao fim de trânsitos desafiadores simultâneos nem sempre fáceis de viver.
Mas não devemos ter medo dessa fase. Ela é também uma das mais libertadoras para muita gente. Talvez até por conta dos trânsitos de Urano que vêm junto ajudando a apertar aquele famoso “botãozinho” que nos ajuda a ligar menos para o que os outros pensam e fazer mais do que a gente tem vontade. Isso, aliado à sabedoria e à maturidade de Saturno, nos deixam prontos para agir de forma muito mais madura, sábia e de acordo com quem somos, aprendendo também a dizer alguns nãos e impor novos limites, de forma saudável e positiva.
O mais importante, ao viver esse período, é ter consciência da importância de se compreender, de ouvir aos chamados internos e valorizar cada conquista feita até agora, passando a olhar para o futuro com mais leveza e sabendo que ainda temos muita vida pela frente, para fazer, cada vez mais, o que a gente quiser.
Para entender isso de forma ainda mais detalhada, é sempre essencial conhecer o próprio mapa astrológico e momento como um todo, para compreender quais áreas, por exemplo, são mais influenciadas e quais recursos temos à disposição para atravessar melhor esse período.
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Eu, agora com 46 anos, posso dizer que apesar dos desafios, esse período dos 40 aos 45 foi um dos mais importantes da minha vida e me sinto pronta pra olhar para o futuro, construindo coisas novas enquanto levo comigo cada conquista feita até aqui. Da mesma forma, sabendo virar certas páginas e sonhar novos sonhos.
E você, como viveu, está vivendo ou pretende viver essa fase da sua vida?