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Voa, filha, voa.

Minha filha completou 15 anos.
Data emblemática.
Um ano antes, começamos a conversar a respeito da comemoração.
Festa ou viagem?
Para orgulho (e alívio) dos pais, ela optou pela viagem.
Para onde?
Praia?
Disney? 
Nova Iorque?
Não, papai.
(Nada contra os exemplos, para manter o politicamente correto em dia.)
África do Sul.
Como assim, África?
Conhecer a história, os costumes, tradições, estar em contato com o povo, aprender sobre sustentabilidade, acampar, essas coisas, pa-a-a-a-pai.
Um quase ataque cardíaco depois, voltei a raciocinar.
Diferenças.
Aos 15 anos, tudo que eu queria fazer era jogar bola com os amigos.
Sem videogame.
Sem internet.
Sem redes sociais.
No máximo, uma sessão de cinema a tarde.
Férias, na praia.
Quando a condição era favorável.
Ou em casa mesmo, importunando ininterruptamente minhas irmãs e mãe.
O mundo muda.
E muita gente não percebeu.
Ou pior, não quer perceber.
Por isso a importância da conversa.
Nesse momento, lembrei de uma máxima da minha profissão.
Comunicação não é o que você fala, mas o que os outros entendem.
Escutar o outro.
Por exemplo, uma menina com 15 anos mal completos.
Como é importante perceber que os sonhos, desejos e valores podem ser completamente diferentes dos seus.
E que todos, surpresa!, estão certos.
Diálogo.
Um momento único. 
E que não aceita o “deixa pra depois”.
Entre pais e filhos.
Mas o mesmo vale para amigos, conhecidos e estranhos.
Em tempos de pouca paciência com o alheio e o diferente, não seria essa a mudança mais desejada?
Fácil não é.
Mas, sem dúvida, necessária.
Voa, filha, voa. 
Vai descobrir que o mundo é pequeno.
Na volta, queremos saber de tudo.

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