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Um segundo a menos, uma hora a mais

Usain Bolt correu 100 metros em exatos 9 segundos e 58 centésimos.
Já o queniano Eliud Kipchoge fez 42 quilômetros e 195 metros (a distância oficial da maratona) em 2 horas, 1 minuto e 39 segundos.
Duas distâncias completamente diferente
Dois tempos no cronômetro.
Dois recordes mundiais.
Ambos são rápidos, é verdade.
Mas quem é o melhor?
Exercício hipotético.
Inverta os atletas.
Mesmo sendo os mais rápidos da história, é certo que Kipchoge não suba ao pódio nos 100 metros.
E Bolt, tadinho, morre muito antes de completar o primeiro quilômetro da maratona.
Conclusão óbvia: para cada distância, uma velocidade.
Velocidade é importante, claro.
Mas força e resiliência também.
Percebo que cada vez mais pessoas só querem saber de acelerar.
A distância não faz diferença.
100 metros ou 100 quilômetros.
Porque tanta pressa?
A probabilidade de não dar certo é grande.
Vivemos tempos superlativos.
Queremos ser mais, maiores, melhores, mais rápidos.
Não importa o tamanho do desafio.
Não importa o tamanho do esforço.
Nem a consequência do sacrifício.
Tudo ao mesmo tempo.
Tudo antes.
Ter objetivos nos motiva.
Mas não dá para encarar todos eles do mesmo jeito.
Li recentemente numa entrevista que uma importante executiva contava que, durante o trabalho de parto, respondia aos e-mails do trabalho.
Equilíbrio é o nome do jogo.
Às vezes é preciso ir com tudo.
Em outras, respirar fundo.
Para mim, o prazer está em manter o ritmo.
E não apenas no cronômetro.
Um segundo a menos é bom.
Uma hora a mais também.
Demorei algum tempo para me conscientizar disso.

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