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Troco likes

Comprei um novo celular.

Dos muitos features e aplicativos, a câmera foi o que mais chamou a atenção.

Megapixels em profusão, centenas de efeitos, fotos comprovadamente melhores.

Fiz um selfie, óbvio.

Por que?

Tanta coisa mais legal para registrar, pensei.

Deletei imediatamente a imagem e respirei aliviado.

Hoje em dia, mais importante do que como, quando, onde e porque, é o quem.

Quem viu?

Quem deu like?

Quando foi que decidimos trocar nossas maravilhosas vidas 3D e se apaixonar pelo universo 2D das telas superlativas?

Prisão perpétua para o inventor do pau de selfie.

Segundo um estudo recente, bastam 16 minutos nas redes sociais para começarmos a ter sentimentos depressivos.

16 minutos.

A metade do tempo de um episódio da sua sitcom favorita.

Só que lá você se diverte mais.

Influencers.

Gurus.

Auto promoção.

Egos inflados.

Mentiras e exageros.

A persona na frente do trabalho.

A teoria na frente da prática.

E a pergunta que não sai da cabeça.

Como aumento o número dos meus seguidores?

Fico impressionado com o auto elogio de alguns colegas.

Antes que falem bem de mim, falo eu mesmo.

Seria ansiedade?

Cobrança exagerada?

Ou apenas baixa auto estima?

Rivotril para todos, garçom. Por minha conta.

E o que mais impressiona é que, assim como uma propaganda ruim, muita gente (eu, inclusive), ainda acredita no Instagram alheio.

Como publicitário, amo bons títulos de anúncios.

Dia desses, cruzei com o seguinte: Work hard in silence. Let success be your noise.

Criado para uma marca de tênis para corridas em montanhas, serve perfeitamente para nossas rotinas urbanas também.

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