Hoje vivo a fase mais plena da vida, beirando os 40 anos, sou mãe, esposa, empresária. E o mais legal destas conquistas, é que tudo isso vai muito bem, obrigada!
Os desafios da maternidade são presentes desde que o embrião está fecundado na minha barriga. Com o passar do tempo, no meu caso quase 13 anos, as preocupações mudam, mas elas sempre existirão. A simplicidade com que lido com os desafios e preocupações da maternidade, é o que me faz afirmar que vivo o momento mais pleno da minha vida.
O mesmo percebo sobre o casamento. Claro que ‘juntar os trapinhos’ com uma pessoa com tantas semelhanças e igualmente tantas diferenças, dá tilts. Muitos tilts! ‘Abrir mão’, relevar, perdoar, insistir, persistir, aprender e mudar, tudo isso faz parte de casar, não é mesmo fácil. Eu e meu marido resolvemos simplificar os problemas, estarmos ‘de bem’ é uma regra para sairmos de casa. Se algo não está numa boa, não nos despedimos, ninguém sai. E assim vivemos juntos há mais de 15 anos.
Definimos essa regra por entendermos que a vida muda num ‘estalar de dedos’, um dia saí de casa, de moto, só queria dançar forró… e voltei 1 mês depois, paraplégica. Naquela noite, sofri um acidente e uso cadeira de rodas desde 2001. Essa experiência me ensinou muitas coisas, uma delas é esse negócio de não ficar brigado com quem eu amo. Não sei se encontrarei aquela pessoa de novo. Então, sempre beijo os que amo, olho nos olhos e digo tchau.
Para superar a deficiência aos 22 anos, simplifiquei. O meu quadro é irreversível, então pensei: ‘como posso viver melhor nessa condição?’ Assim me desenvolvi e ajustei a minha vida. Tudo de um jeito simples. Viver utilizando uma cadeira de rodas é a parte mais tranquila disso tudo, para mim a cadeira é a minha liberdade. As dificuldades estão nos desafios do dia a dia. O país não está preparado para me receber, as pessoas ainda se espantam com a minha independência e maneira simples de viver. Barreiras físicas e atitudinais são os ‘leões que preciso enfrentar’ todos os dias.
Lido com os preconceitos, rótulos, paradigmas e exclusões com simplicidade. Sempre penso: ‘de que forma devo me posicionar e o que posso fazer para mudar aquilo que vivi e não foi legal?’ E busco as respostas!
Assim surgiu o meu trabalho… me formei em educação física em 1999, um ano e meio antes do acidente. Três meses depois, tive a oportunidade de voltar a profissão. Em 2004 percebi uma oportunidade de transformar a sociedade a partir da minha história e comecei a dar palestras para as empresas que precisavam contratar pessoas com deficiência e não sabiam como fazer.
O tempo foi passando, empregabilidade de pessoas com deficiência e Lei de Cotas ganharam mais e mais espaço no mundo corporativo e minha iniciativa cresceu junto com esse movimento. Desde 2008 sou sócia fundadora da Talento Incluir, consultoria que há 10 anos atende grandes e médias empresas e favorece a empregabilidade de profissionais com deficiência. Tenho 2 sócios e empregamos 13 pessoas. Passamos por altos e baixos, crises financeiras e políticas. E como passo por tudo isso sem surtar? Só com simplicidade.
Acredito que problemas, desafios, tilts, preocupações são corriqueiros, não existe vida sem eles. Como lidamos com essas ocorrências? Aí é que está a chave da vida plena!
Conselhos, são como dicas de autoajuda, podem parecer uma chatice. E são mesmo! Aparecem num momento que estamos fazendo o contrário da dica, só pra dizer que somos tontos, medíocres e estamos no caminho errado, que raiva que dá. Sabendo disso, eu não devia escrever o último parágrafo, mas eu vou! ?
Quando estou de frente para um problema, me imagino distante dele… dias, semanas, meses à frente. Neste momento percebo que o desafio foi resolvido, passou, tudo está bem e que ainda aprendi algo com aquilo. Desta forma me despreocupo. Simplifico a sofrência, deito a cabeça no travesseiro e durmo. Uma boa noite de sono é, muitas vezes, o que basta para solução do problema aparecer.
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