Pelo menos uma vez por ano, Enrique e eu viajamos sozinhos. Só ele e eu. Fazemos isso há quatro anos. Já acampamos, já fizemos grandes aventuras em rios, mares, montanhas. Fui criado assim. Minha mãe cultivava esse espírito de “ser do mundo” em mim. Conhecer lugares novos, narrados por suas histórias, me fizeram ser o que sou. Nada passava ileso, tudo tinha uma história pra contar, mesmo que não fosse a verdadeira. Faço isso com o Enrique. Tento dar um contorno encantado às coisas desse mundo.
As pessoas não acreditam que um pai seja capaz de viajar com um filho. Ao chegar ao restaurante, sempre perguntam se é mesa pra três; no hotel, esperam a “minha senhora”; nos passeios, oferecem-me ajuda para cuidar dele. Quando passo protetor solar, quando o ajudo a trocar de roupa, quando o acompanho ao banheiro e o ajudo a se limpar, quando escolho o que vai comer, sempre tem um olhar que me acompanha. Um olhar que se pergunta: mas, afinal, onde está a mãe desse menino, a esposa desse homem? Falam de mim, também, com uma certa pena: cara, você deve estar penando pra cuidar desse moleque. Deve ser viúvo, coitado.
Nem ligo. Sou pai, sou mãe, sou quem cuida. Não importa o nome. Desejo que as relações ensinem às pessoas a serem mais abertas às formas de amar e cuidar!
#sopadepai #🔵🔵🔵