Santos, verão de 1989, Praia do Boqueirão. Ando pela areia, na beira do mar, com o balde em uma mão e a pá em outra. Boné e sunga azuis e o rosto cheio de protetor solar. Na altura dos meus já vividos 9 anos de idade, me aventuro a ir buscar água para meus castelos de areia. Não sei para vocês, que certamente também já viveram essa experiência, mas eu tinha certeza de que o castelo que havia construído era o mais forte e o mais protegido da praia toda. Faltava agora apenas a água, a qual serviria para criar um rio em volta para protegê-lo de invasões dos bárbaros.
Entro no mar, meus pés sentem o seu frescor. Uma espuma branca coroando a água límpida – naquela época ainda não tínhamos detonado os mares – acaricia meus dedos e calcanhares. Imediatamente, uma paz e ao mesmo tempo uma energia tomam conta de mim. O poder das águas pela primeira vez se apresentava. Naquele instante eu adentrava em um domínio que me fazia sentir seguro, acolhido e sereno. O domínio de Iemanjá.
Iemanjá é a Rainha. A Rainha do mar. A soberana mãe das águas e de todos os oris (cabeças). A energia criadora que emana do Trono da Geração. No sincretismo católico é a mãe de Jesus, a Virgem Maria. Iemanjá também é identificada com a santa católica Nossa Senhora dos Navegantes. O signo relacionado a esse Orixá é o de Câncer, um signo aquático, cardinal, regido pela lua, a qual influencia as marés e a profundidade das emoções. Seu número é o quatro, suas cores são o azul e o branco. O dia da semana é o Sábado e o chackra que tem relação com a sua energia é o frontal. Iemanjá possui o poder de geração. Iemanjá é a fonte da vida.
Poucos assumem a religião, mas no dia 31 de dezembro todo mundo vira Umbandista. Independentemente de sua crença, se você alguma vez pulou as 7 ondinhas, então já saudou um dos mais populares Orixás. Apesar de muita gente só lembrar dela no final de cada ano, seu dia comemorativa oficial é 2 de fevereiro, junto com a data de Nossa Senhora dos Navegantes, um dos títulos dados a Virgem Maria, mãe de Jesus.
A origem desse título vem do século VII, quando os navegadores, antes de partirem, pediam a proteção da Virgem, também conhecida como Estrela do Mar. Muitos marinheiros, em tempos remotos, se orientavam pelo sol durante o dia e pelas estrelas durante a noite; graças as essas últimas, conseguiam chegar em segurança aos seus destinos. Antes de entrarem nos domínios dessa energia poderosa, muitas orações e oferendas eram feitas para garantir uma travessia e um retorno seguros.
Na Umbanda, as oferendas a essa Rainha são elaboradas na beira do mar: banquetes com pratos como o Eboya, feito de canjica com azeite virgem e camarões cozidos, acompanhados de uma taça de espumante branco e ornamentos como espelhos, rosas brancas, conchas, estrelas do mar, lavandas, pentes e outros símbolos que representam sua beleza e seus domínios. Nos banhos, as ervas mais utilizadas na energia de nossa mãe são a Alfazema, o Anis Estrelado e a Rosa Branca.
Entro mais fundo, agora as águas batem nas minhas canelas e no meu joelho, energizando todo o meu corpo. Gargalho e pulo de alegria. Ao meu lado estão meu irmão, dois anos mais velho, e minha Rainha de sangue, Dona Jane. De súbito, como os acontecimentos mais importantes da vida, uma onda cresce rapidamente em nossa frente e passa varrendo todos na praia, e entre todos, eu. Na hora não sinto medo, sinto é o poder dela se manifestando. Sinto a vibração aquática na pele.
Durante o meu primeiro “caldo” homérico, sou arrastado para o fundo do mar por uma corrente muito forte. Em seguida sinto uma mão me puxar, com a mesma intensidade do mar. Essa força me levanta com um único braço. Volto à superfície ainda sem direção, ela me agarra forte contra seu corpo e, ao abrir meus olhos, com a luz do sol irradiando forte atrás de sua cabeça, vejo a imagem de minha mãe. Olhos azuis da cor do céu, nariz fino, pele clara, cabelos lisos escuros. De seios fartos e com 1.55 metro de altura, vejo a minha poderosa protetora. E que protetora! Sempre digo se um dia precisasse assaltar um banco e tivesse que pedir para alguém de confiança me acompanhar, essa pessoa seria Dona Jane. Ela até poderia não concordar, mas se eu precisasse dela, tenho certeza de que estaria lá. Que sorte têm aqueles que possuem uma Mãe com M maiúsculo!
Irmã mais velha de uma família de seis, minha mãe, desde que tenho conhecimento, sempre cuidou de todos a sua volta. Uma mulher de fibra, que mesmo passando por dificuldades, nunca negou um sorriso, um colo, um ombro amigo ou uma escuta amorosa a todos que a procuram. Benzedeira, por herança de minha avó, ela sempre cuidou da nossa família, seja tirando quebranto de crianças, conversando com Santo Expedito, pedindo que acontecesse o melhor. Desde o meu primeiro emprego, passando por minhas quedas e aprendizados, e assim continua com seus netos e qualquer pessoa que a procure. Se tem uma coisa que tem poder é oração de mãe, Ave Maria, como é forte!
Hoje entendo como, se naquele dia não morri afogado, a resposta é simples: Rainhas se reconhecem.
Te amo, mãe. Odoya! Salve a Senhora das Águas. Salve Dona Jane!
“Que canto lindo que vêm lá do mar, parece que as ondas estão a cantar. Iêêê, Iemanjá, Rainha das ondas, das ondas do mar”.
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