Uma carta escrita de coração partido, mas cheio de esperança
Foram inúmeras vezes que essa pergunta – Quanto vale a sua vida? – rondou meus pensamentos desde o dia 23 de março de 2020 e, por incrível que pareça, ainda é o meu norte após nove meses de pandemia causada pelo coronavírus.
É na resposta dessa questão que encontro o real valor para a minha vida, de meu marido e de minha filha. O real valor da família, de amigos queridos e das pessoas que amo.
Faço o convite para a reflexão: você já parou para pensar o quanto vale a sua vida? Será que uma balada de uma noite com estranhos em um local proibido para dar festas tem a mesma importância que estar ao lado de seus pais, seja conversando ou assistindo a um filme gostoso em família?
Quando tudo isso passar- e vai passar -, novas baladas estarão lá! Não faz sentido pensar em colocar sua existência e a de outros em risco.
Será que a sua vida vale sair de casa sem máscara, aumentando a taxa de mortalidade e disseminação da COVID-19, ouserá que a sua vida vale essa mesma saída sem aglomeração, usando máscara e higienizando as mãos, garantindo a sua saúde para futuros passeios deliciosos com a sua família?
Quando tudo isso passar a rua e os passeios ainda estarão lá, mas talvez você ou alguém querido não esteja mais neste mundo para apreciá-los.
Será que a sua vida vale comer em um restaurante neste momento tão incerto e inseguro, ou será que não é melhor pedir delivery deste mesmo local (ajudando-o financeiramente), conquistando a garantia de muitas idas presenciais posteriormente?
Se você ajudar os estabelecimentos comerciais que costumava frequentar eles ainda estarão lá depois que tudo isso acabar. Já pensou nisso?
Será que vale arriscar-se em hotéis cheios, praias lotadas e parques repletos de pessoas sem máscara ou será que você e sua família merecem estar vivos e saudáveis para depois terem novas oportunidades de viagens?
Os hotéis, praias e parques estarão lá. O mesmo ocorrerá com as pessoas que você gosta?
Será que a sua vida e a de seus familiares próximos vale o encontro neste Natal correndo o risco do ano que vem não ter as mesmas pessoas juntas, ouserá que é melhor ficar em casa apenas com quem você mora e usar a criatividade para comemorar pela internet com todos fazendo uma bela bagunça virtual, mas sempre com amor e saúde?
Você já parou para pensar que o Natal acontece todos os anos?
Será que a sua vida vale uma festa de fim de ano lotada de pessoas com e sem máscara em um lugar qualquer e assim correr o risco de trazer a doença para dentro de casa?
Todos os anos acabam e começam. Você quer arriscar não estar aqui para curtir o próximo Ano Novo com segurança?
Você já parou para pensar que pode ser a pessoa responsável pela morte de alguém da sua família ou de algum amigo(a) querido(a)? Conseguiria viver com esta dor para o resto da sua vida?
Será que neste momento crítico vale a pena viver como se não houvesse o amanhã? Será mesmo?
Até onde eu sei, o amanhã estará aqui e eu não preciso antecipar minha ida deste mundo porque quero viver enlouquecidamente em meio a uma pandemia.
Eu quero viver de forma consciente este momento. Quero saborear a mudança de hábitos em minha casa, abrindo horizontes para uma nova visão focada em cuidar ainda melhor da natureza, dos animais e do mundo que vivemos. Quero saborear o hoje sabendo que o amanhã chegará.
Eu sou igual a você.
Eu tenho saudades de ir ao meu restaurante favorito.
Eu tenho saudades de me aglomerar com meus amigos e jogar conversa fora comendo besteiras deliciosas.
Eu sonho com o dia em que estarei em um hotel curtindo a vida com quem amo sem nenhuma preocupação.
Eu tenho vontade de chamar as pessoas em minha casa para uma confraternização com direito a um belo churrasco no final de semana.
Eu sofro ao ver que minha filha vai ser mais uma das milhões de crianças deste mundo que não terá comemoração de aniversário com quem ela gostaria. Ela só tem 5 anos e a admiro porque ela compreendeu isso com mais maturidade do que muitos adultos por aí.
Eu sou igual a você.
Você é igual a mim.
Somos seres humanos que precisamos nos cuidar e cuidar deste mundo. Sem o mundo em que vivemos não existimos. Simples assim.
Mas este mundo existirá – e muito melhor, por sinal, – se não estivermos aqui! Já pensou nisso?
Boas festas com muita consciência, saúde e amor pelo próximo.