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Quando me apaixonei por um novo baralho

Um pouco sobre minha trajetória como taróloga e leitura de cartas… do Tarô ao Lenormand

Eram outros tempos quando me envolvi com o Tarô. Pelo que tenho lembrança, foi na adolescência que procurei uma cartomante pela primeira vez. E desde então, não parei mais. Vira e mexe ia em alguém que lia o futuro, que abri as cartas, em “uma mulher” capaz de falar sobre o que ia acontecer na minha vida. Fora muitas cartomantes, mas também já fazia sempre meu mapa astrológico (acho que a primeira vez que fui numa astróloga eu tinha uns 14 anos) e até uma senhora que lia borra de café, que cheguei a ir algumas vezes e apesar de há muitos anos eu ter perdido contato, até hoje lembro de coisas que ela me disse (até porque muitas delas ainda acontecem, até hoje!). Nessa coisa de ficar buscando cartomantes e ainda nem tendo ideia que um dia trabalharia com algo nessa linha, cheguei a conhecer de tudo que vocês podem imaginar. Fui em gente séria, bacana, que fazia jogos completos e consistentes, que aparentava ser alguém que estudava sobre o assunto, que levava aquilo a sério, que tinha um lugar descente pra atender. Mas também caí em muita biboca e, analisando hoje friamente, em muita gente picareta também. Não é a toa que eu mesma cheguei a ter muito preconceito e falar muito do que hoje em dia sofro tanto quando escuto alguém falar desse jeito.

Mas sei que gostava dessa história de ir em uma cartomante e tinha algumas amigas com quem compartilhava essas histórias e idas. Um ia, ia a turma toda. Ou íamos juntas. Ou uma ia para ver se valia a pena e aí iam todas. Um dia, uma amiga capricorniana que não queria mais ficar gastando dinheiro com  “essas coisas” me convidou pra fazer um curso de tarô com ela. A justificativa dela:  “a gente investe no curso e aí uma começa a ler pra outra e a gente não gasta mais dinheiro com isso”. E foi assim que eu caí de paraquedas no meu primeiro curso de tarô, sem sequer imaginar que um dia ele seria um ponto tão central da minha vida e que aquele era só o primeiro de tantos estudos de algo que viraria inclusive minha profissão (uma delas).

Foi assim que eu descobri que tarô era coisa séria e que exigia estudo e muito mais do quer apenas ter intuição. Descobri, nessa época, que mesmo quem não tem intuição pode ler tarô, já que ele inclui técnica e estudo. Eu e a amiga capricorniana não paramos de ir em outros tarólogos, como tínhamos planejado, porque ficamos ainda mais apaixonadas pelas cartas e pelos oráculos. E saímos fazendo mais cursos, juntas e separadas. Também começamos a praticar entre nós e com muitas amigas que adoravam ser nossas  “cobaias”.

Pouco tempo depois que fizemos nosso primeiro curso de tarô juntas, ela me convidou pra fazer um curso de férias de Astrologia. Um “curso bem básico”, me disse ela, “só pra você aprender mais sobre o que você já estuda sozinha”. Eu já estudava Astrologia nos livros por conta própria há uns bons anos e pra falar a verdade nem sabia que existia um curso e muito menos uma formação tão completa como a que eu fui fazer sem ter a menor noção do que ia começar.

A Astrologia já era paixão antiga e depois que comece a formação na GAIA-Escola de Astrologia não parei mais. O curso básico era apenas o primeiro módulo de uma formação que fiz por anos, até o fim, e mergulhei profundamente nesse universo fazendo outros cursos de especialização e mesmo outras formações com outros astrólogos e em outras escolas, e até hoje além de ser minha profissão, a Astrologia continua sendo minha paixão e objeto constante de estudo. Até dissertação de mestrado com Astrologia eu fiz. Mas, estou aqui pra falar de tarô….

Então, voltando pro assunto, fui fazendo um curso atrás do outro e lendo pras amigas, que uma hora começaram a me pedir pra pagar a consulta porque achavam que estavam abusando de mim. Toda hora uma ou outra queria um joquinho aqui, um joguinho ali… o anterior tinha dado certo, agora tinha outra dúvida, um pergunta, uma decisão pra tomar… e foi assim que eu comecei a cobrar um valor bem simbólico pelas leituras, até porque tinha aprendido com uma das minhas professoras que a troca era fundamental para nossa vida e se eu estava oferecendo algo tão precioso como uma leitura de tarô, precisava mesmo cobrar alguma coisa por isso, ainda que fosse um valor simbólico e trago e ensino isso até hoje. A troca é fundamental na vida da gente e por mais que muita gente ache que para ler tarô é preciso dom e que por dom não se cobra, só posso dizer que isso é um grande engano. Ler tarô exige termos estudado e praticado muito e não cobramos pelo dom, mas sim pelo nosso tempo e experiência e pela informação oferecida. Dom por dom, é preciso ter dom para ser médico, advogado, engenheiro, professor, o que for.

Nessa época eu também lia alguns mapas de presente para amigos que faziam aniversário, como forma de praticar e aprender mais a respeito , e também comecei a cobrar por eles. Até então, eu era advogada, trabalhava como advogada e achava que seria advogada até me aposentar, até morrer. Mas um dia meu telefone tocou e era uma amiga de uma amiga que queria que eu lesse tarô pra ela e queria saber quanto eu cobrava pela consulta. Eu não sabia nem o que responder. Então, comecei a alugar uma sala por hora quando tinha cliente e cobrava um valor simbólico que era basicamente para cobrir o valor que pagava pela hora da sala mais o tanto que eu gastava para ir até lá e para sobrar alguma coisinha para eu ficar feliz por estar fazendo alguma coisa a mais.

Pouco tempo depois, cerca de um ano talvez, comecei a dividir sala com um psicólogo que estava mudando de consultório e precisava mesmo de alguém pra dividir o aluguel da sala. E aí tive meu primeiro espaço profissional como astróloga e taróloga. Na época também comecei fazer reiki, que eu tinha conhecido como paciente e logo quis estudar para entender um pouco mais como aquilo funcionava. Dividimos essa sala por um bom tempo. Na época mudei pra um emprego como advogada que me permitia ter mais tempo para atender e continuar estudando, já que eu tinha horário certo pra ir embora. Quando me dei conta, tinha clientes todas as noites e muitos finais de semana e acabei decidindo fazer a grande loucura que foi das melhores coisas da minha vida: desisti de ser advogada para me dedicar a uma nova carreira que já estava sendo construída por si mesma.

Não demorou muito tempo para uma amiga me convidar pra montar um espaço com ela e fui lá pra mais uma mudança. Eu e ela abrimos um espaço onde tínhamos nossos consultórios e um espaço para que outras pessoas fossem dar curso e em pouquinho tempo me pediram pra começar a ensinar algumas das coisas que eu sabia e foi lá que eu montei meus primeiros cursos. O primeiro, se não me engano foi mesmo de tarô. E como eu não tinha ideia quanto tempo duraria o curso, tive a sorte de encontrar alunas tão especiais que até hoje estão na lista das minhas melhores amigas. Foram “alunas-cobaia” que me ajudaram a estruturar o curso e de lá pra cá não parei mais de ensinar: Tarô, Astrologia, Radiestesia, Constelação Familiar e tantas outras coisas que conheci e aprendi na época em que acontecia minha transição de carreira.

Depois acabei mudando pra um consultório só meu, onde estou até hoje. Nesse meio tempo, encontrei minhas agendas da infância e da adolescência, da época em que as meninas faziam diário e escreviam tudo que viviam ali. E numa delas, de quando eu tinha 11 ou 12 anos, encontrei cartinhas de tarô recortadas de uma revista, com todas as anotações na agenda, sobre cada uma das cartas. Nem lembrava que meu interesse pelas cartas era tão antigo, mas, pelo que pude ver na agenda da minha pré adolescência, já tinha ali um indício de que essas cartas poderiam ser importantes na minha vida um dia.

E foi assim que eu comecei a trabalhar com o tarô e fui me aprofundando ao longo desses anos todos. Descobri muitas facetas dos arcanos de Marselha: tarô como oráculo, como autoconhecimento, como narrativa, como compreensão da vida humana e da nossa jornada da vida. Utilizei e continuo utilizando, para mim e para meus clientes, como um guia, como um indicador de caminhos, como um grande conselheiro. Tomei e tomo muitas decisões importantes da minha vida com ajuda dele e ajudo muita gente a se decidir, se encontrar e tomar as melhores decisões com um super auxílio das cartas.

Enquanto isso, fui pesquisando e conhecendo outros oráculos e também outras cartas. Tive alguns contatos em cursos e palestras, em livros, em consultas com outros tarólogos e cartomantes. Mas confesso que tinha algum bloqueio quando me falavam em baralho cigano. Achava estranho ouvir que era preciso ter um cigano ou cigana ou incorporar orixás ou tantas outras coisas nessa linha que escutei para ler um baralho, já que eu tinha aprendido e observado na prática que o tarô, apesar de ser oráculo, tem técnica e estudo envolvido. Então, optei não estudar baralho cigano, ou pelo menos ir adiando a curiosidade que eu tinha.

Em 2016, em questão de um mês, ganhei três deles. Como sempre estou ligada nos sinais e símbolos e sincronicidades da vida, achei no mínimo curioso ter três deles em minhas mãos em tão pouco tempo e decidi olhar com carinho para essa coincidência tão significativa. Descobri que o nome original do baralho cigano é LENORMAND  e que aqui no Brasil ganhou esse nome baralho cigano e também se tornou fala de orixás. Coisa de brasileiro. O Brasil, com essa Lua/Júpiter/Gêmeos que representa o povo brasileiro, estamos sempre misturando tudo, e unindo crenças e religiões com estudos, oráculos e mais um monte de coisas. E eu como geminiana, amo muito tudo isso, mas nessa minha trajetória que também tem um lado acadêmico, vivo tentando mostrar a técnica e o funcionamento individual de cada uma das técnicas das quais eu trabalho, mostrando que cada coisa é uma coisa e que por mais bacana que cada crença ou religião possa ser, Astrologia e Tarô além de serem independentes entre si, também não são religião e podem ser estudados e praticados por qualquer pessoa, independente de ser alguém religioso, ateu, cético ou crente. E é claro que existem cartomantes que usam mais a intuição e menos a técnica, que têm mediunidade e que conversam com seus ciganos ou outros guias durante a leitura, mas também é super possível e muito mais comum que um tarólogo ou cartomante conheça bem a técnica e tenha estudado e praticado bastante o suficiente para fazer a interpretação precisa das cartas por si mesmo.

Comecei meus estudos de Lenormand com incentivo e companhia de uma amiga querida, que tinha sido minha aluna de tarô e com quem criei uma relação super bacana. Ela me apresentou um professor, que eu já conhecia virtualmente, mas que ela tinha conhecido num evento de cartomancia. Começamos então a estudar juntas. Nós, juntas em SP, o professor, de Minas, por skype. E essa virou uma grande diversão e um estudo super sério e profundo. Fui me apaixonando por essas novas cartas. Me envolvendo com cada símbolo do mesmo jeito que tempos atrás tinha acontecido com o Tarô (e com muitos outros dos meus estudos). Passei a fazer um jogo da semana toda semana, para estudar a simbologia das cartas, para desenvolver seus significados, para entender sua dinâmica e funcionando. Também fui aprendendo e fazendo outros jogos, mais simples, mais complexos, mais rápidos e objetivos ou a mesa real, um jogo completo que dá todo panorama, ainda fala de passado e futuro e permite responder todas as questões/ perguntas que venham a seguir.

Com o Lenormand, num momento que foi tão difícil em vários aspectos da minha vida, fui contando minha própria história, observando repetições, padrões, diagnosticando o que estava acontecendo, buscando saídas, percebendo possibilidades e descobrindo recursos. Foi um dos meus grandes guias e companheiros, ao lado do Tarô e, principalmente da Astrologia, em uma época super Netunada e Saturnina da minha vida (traduzindo para quem não conhece o “astrologuês”: um momento difícil e nebuloso ao mesmo tempo). E assim me apaixonei por esse novo baralho que, como foi com tudo mais que aprendi antes, comecei a testar com amigos e pessoas mais próximas primeiro, depois com clientes mais antigos e, já há alguns meses, está na minha lista de consultas e atendimentos, ao lado do tarô, como mais um instrumento de autoconhecimento e de diagnóstico de momento e indicações para o futuro, como mais uma técnica que nos ajuda a reconhecer e seguir os melhores caminhos, sabendo quais serão os desafios que encontraremos pela frente e quais os recursos para lidar com eles, quais as possibilidades e oportunidades que a vida nos traz, e como aproveitá-las da melhor maneira possível.

Ainda vejo no Lernomand um lado sistêmico, que me faz utilizar muito do que aprendi com as constelações familiares, já que ele mostra direitinho onde estamos dentro de uma situação e fala da relação entre nós e as outras pessoas e situações da nossa vida. Assim, por mais que as pessoas falem que o Lenormand (ou mais comumente no Brasil, o baralho cigano) seja um “baralho fofoqueiro”, o que de fato é , descobri um lado dele muito menos explorado, que é a possiblidade de autoconhecimento e de reconhecimento do território e momento atuais e dos caminhos e possibilidades futuras, um lado muito mais profundo que ele tem e que nos ajuda a compreender a nossa própria vida e jornada. Além disso, ele permite, mesmo, essas respostas mais objetivas. Costumo brincar que com o Tarô podemos “psicologizar”  um pouco mais, enquanto que com o Lenormand, é aquilo que ele está dizendo, e ponto. Mas claro que ele também considera nosso livre arbítrio, porque não são os oráculos que determinam nosso destino, eles são apenas mapas, ou guias, nessa nossa linda jornada pela vida.

E se você quiser conhecer e se apaixonar por essas cartas maravilhosas, pode entrar em contato comigo e marcar uma consulta. Aposto que você vai amar! 🙂

Ah! e continuo lendo tarô e dando cursos de tarô também e usando no meu dia a dia e sendo apaixonada por ele também, mas acho que isso quase todo mundo já sabe então decidi escrever um texto apresentando também o Lernormand e minha relação com ele! e também como forma de gratidão a esse oráculo que tem sido tão importante na minha vida. Gratidão também a minha amiga Margot que foi minha companheira por um longo pedaço dessa jornada e principalmente ao nosso professor, Emanuel, pela paciência, dedicação, e por compartilhar esse conhecimento tão precioso com a gente <3

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