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qualidades primitivas e os quatro elementos

 

A sequência zodiacal também tem relação com os quatro elementos presentes na natureza, fogo, terra, ar e água, que são a essência dos doze signos. Cada um deles é a expressão de um dos elementos. Como cada elemento pode se manifestar de três maneiras diferentes, cardinal, fixa e mutável, temos doze signos, ou seja, três manifestações de cada um dos quatro elementos.

Segundo Stephen Arroyo (2011:44), astrologicamente “Os ELEMENTOS são a essência da energia da experiência”. E ele define os signos, que são expressões variadas desses elementos, como “padrões primários de energia” que “indicam qualidades de experiências específicas”.

Ainda para Stephen Arroyo (2011:47), “Os ‘quatro elementos’ da tradição astrológica referem-se às forças (ou energias) vitais que formam toda a criação percebida em comum pelos seres humanos”. Para ele: “Os quatro elementos num mapa natal revelam a capacidade de participar de certas esferas de existência e de sintonizar-se com áreas específicas de experiência de vida”.

 

 Qualidades Primitivas

 

Os quatro elementos têm origem nas qualidades primitivas ou dinâmicas: quente, frio, seco e úmido. O astrólogo Gregório J. Pereira de Queiroz (2008:98) explica que “As Qualidades Primitivas são estados dinâmicos, forças atuantes que existem no cerne de tudo que existe”. Ele também explica que as qualidades não são substâncias, como são os Elementos, mas sim dinâmicas ou tensões, “movimentos puros”, como ele define. Para ele, as qualidades estão mais associadas ao tempo do que ao espaço.

São essas qualidades primitivas que dão origem aos quatro elementos e que eram muito utilizadas na medicina antiga. A astróloga Beatriz Martins Mendes Ferreira (2007:44), ao falar sobre a relação entre Astrologia e Medicina na antiguidade conta sobre os 4 elementos, fogo, terra, ar e água, lembrando que “Tudo na natureza era composto de uma combinação diferente desses 4 elementos”. Ela conta, ainda, que a formação de tudo baseava-se em “um equilíbrio dinâmico envolvendo a proporção certa de cada elemento”. Ela faz questão de enfatizar que “…a composição dessas substâncias não era conhecida pela visibilidade desses elementos, pois não era possível enxergar os elementos em si, mas sim suas qualidades primárias” que são: quente, frio, seco e úmido, assim denominadas por Aristóteles e que podiam ser detectadas pelos sentidos humanos.

Para Gregório J. Pereira de Queiroz (2008:98):

Quente, Úmido, Frio e Seco são fases de um ciclo de tempo e se sucedem continuamente. O tempo se modifica em sua qualidade. Essas qualidades em constante mudança são as assim denominadas Qualidades Primitivas. Estas nascem das diferentes fases de uma onda cíclica, são as direções de propensão do tempo…

 

Gregório Queiroz ainda ensina:

O que a princípio é unitário, se subdivide em quatro fases. Em resumo:

Quente é a propensão direcional para o cimo da crista da onda; a fase de dinâmica expansiva, o anseio para sair de um pólo e alcançar outro pólo, é o movimento de ‘ir adiante desde’;

Úmido é a propensão direcional para uma transiçãoo, para ficar à mercê, para modificar e inverter a direção quando o movimento, tendo atingido o ápice do que pode atingir, perde dinamismo e coesão, tornando-se vulnerável a modificações. Nesta fase, resta à onda soltar-se de seu tingimento e se abrir ao que vier. É a fase plástica e receptiva.

Frio é a propensão direcional para a base da onda, a fase dinâmica de contração, o anseio de voltar para o pólo inicial, é o movimento de ‘voltar para’.

Seco é a propensão direcional para um segundo tipo de transição, a propensão para resistir, condensar, e para a reação tensa. Novamente a direção do movimento se modifica e inverte, ao atingir o máximo de contração.

 

Assim, em suma, para Andre Barbaut (1995:78) na qualidade quente “o calor é foco de energia, princípio que imprime movimento à matéria”. Para ele o quente é como uma “força motriz que anima, desenvolve, transforma e faz evoluir as coisas às quais dá intensidade”. Por fim, ele diz que o quente indica um impulso para fora, para cima e para a frente.

A partir dessa natureza, Gregório Queiroz (2008:99) define o quente, portanto, como a qualidade que indica, entre outras coisas, expansão, exteriorização, instinto, intuição. Ele ainda aponta vivacidade, inciativa, alegria, otimismo e entusiasmo como características naturais da qualidade quente que tem uma influencia ativa de seu próprio eu sobre os demais.

A qualidade primitiva frio, para André Barbaut (2004:78), é:

o princípio negativo oposto, análogo à força de inércia da matéria pesada e inerte, princípio estático que leva à imobilização, à conctração, à retenção, à reserva, à paralisia das substâncias e dos corpos”. Para ele, “ao mesmo tempo que é contrário à expansão da vida e à sua evolução, ele também é um fixador, um condensador e um conservador da matéria em sua estrutura firmada.

Assim, ele conclui que o frio manifesta-se como concentração, depressão e retraimento.

Diante dessas características, à qualidade frio são atribuídas as seguintes descrições: contração, trazer para si, adesão, absorção, interiorização, reserva e acomodação. Ele ainda coloca o frio como reflexivo e meditativo, fala da absorção dos demais pelo seu próprio eu e fala em desalento, pessimismo e retraimento (QUEIROZ, 2008:99).

Com relação à qualidade primitiva úmido, para André Barbaut (1995:78,79):

é um princípio de extensão ou alargamento, de receptividade, de difusão e, consequentemente, de relaxamento, de flexibilidade, de apaziguamento interior, de diluição, de efusão, de liquidez.

 

Ele complementa: “É também um princípio de plasticidade, de penetrabilidade ou absorção, de envolvimento, de ligação, de mistura, de continuidade, de homogeneidade”.

Assim, a qualidade úmido infla as substâncias e une através da fusão das partes em uma totalidade. Portanto, também são atribuídas à essa qualidade: fecundidade e expansão da vida, adaptação ao meio, suavidade e moderação, além da capacidade de integração (BARBAULT, 1995:78,79).

Assim, atribui-se ao úmido: fluidez, elasticidade, receptividade, delicadeza, suavidade, instabilidade, submissão e conformação. Fala em impressionabilidade, adaptabilidade e versatilidade. Aponta uma natureza mais sensitiva e a capacidade de se fundir aos demais por rendição passiva. Fala, ainda, em devoção, ingenuidade e bondade (QUEIROZ, 2008:99,100).

Finalmente, André Barbaut (1995:79) apresenta a qualidade seco:

A secura, negação da umidade, é um princípio de retração da substância, de restringimento, de isolamento, de redução, de resistência, levando a uma tensão, a um enrijecimento, a um constrangimento.

Conduz ao retraimento das partes para dentro de si em detrimento de sua coesão; limita o ser em relação ao seu meio, num processo de fechamento, de autodefesa, de recusa e, com isso, constitui um fator de inadaptação.

 

Para Barbaut, o seco é um fator de autonomia e de seletividade, de desmaterialização e esterilidade. Ele conta que o seco age de forma brusca, com rompimentos, separações e divisões. Por tudo isso, leva aos excessos e extremos. Barbaut define o seco como “a própria complexidade”.

Gregório Queiroz (2008:100) atribui ao seco: tensão, coesão interna, rigidez. Fala em exagero, inflexibilidade, rigidez e perseverança. Coloca o seco como um intensificador, egocêntrico e refratário. Mostra uma natureza apaixonada e o domínio dos demais pelo seu próprio eu. Por fim, fala em obstinação.

A formação dos quatro elementos

Os quatro elementos – fogo, terra, ar e água, surgem justamente destas qualidades primitivas. Os antigos filósofos da natureza já associavam cada elemento a um par de qualidades primárias (FERREIRA, 2007:45)

Gregório Queiroz (2008:102) afirma: “Os 4 Elementos surgem das quatro interpenetrações ou estados de armazenagem e antecipação possíveis entre as Qualidades Primitivas, ‘Seco e Quente’, ‘Quente e Úmido’, ‘Úmido e Frio’ e ‘Frio e Seco’”.

Assim, a união entre quente e seco produz o fogo ou, como define Gregório Queiroz (2008:102): “A propensão ‘Quente armazenando Seco’ corresponde ao que se denomina elemento Fogo”. Por isso fogo é um elemento de movimento expansivo a sair de um estado de tensão, ou seja, dinâmica provida pela tensão. Gregório refere-se ao fogo como um “tempo de ir adiante’”.

Para André Barbault (1995:81): “Seco (isolamento) e quente (exaltação), o Fogo representa o estado ígneo de incandescência”. Para ele, o fogo intensifica, exalta, superexcita, acelera e exacerba e por isso pode ser violento, agressivo, destruidor ou libertador.

As qualidades primitivas frio e seco ou “a propensão ‘Frio antecipando Seco’” produzem a terra, que é justamente a propensão para contrair em direção a um estado de tensão. Assim, a terra é definida tanto pela contração quanto pela tensão e por isso seu movimento é de contração ou o momento “de ‘volta para’”, mas fixando aquilo que é trazido de volta, gerando acúmulo progressivo de tensão e estruturação (QUEIROZ, 2008:103).

Para André Barbaut (1995:82) a terra: “Seca (isolamento) e fria (retenção)… representa o estado sólido, consistente, denso e fixo da matéria ao término de uma evolução após a obra de combustão do Fogo”. Para ele, é o estado no mais alto grau de concentração e condensação, que pode petrificar e conservar, por ser resistente, isolado e fechado.

Quente e úmido ou, como define Gregório Queiroz (2008:102), “a propensão ‘Quente antecipando Úmido’” corresponde ao elemento ar que, segundo ele, é um elemento de movimento expansivo, que beira a receptividade. Para ele, o ar “é uma expressão que quer receber do mundo um retorno em relação ao que colocou, uma expressão motivada pela entrada em cena do outro, ansiosa de troca e interação”. Assim, ele define o elemento ar como o “tempo de ‘ir adiante’”.

Nas palavras de André Barbaut (1995:80):

Úmido (ligação) e quente (exaltação), o Ar representa o estado gasoso, fluente, impalpável, leve, volátil, compreensível, tendendo à difusão, à expansão ilimitada em um espaço cada vez maior.

Para ele, portanto, o ar é: móvel, difuso, envolvente. É um agente de ligação, mas sempre em estado de liberdade e disponibilidade, propenso aos contatos e as misturas. Ele ainda acrescenta que se o ar for comprimido essa poderosa força pode ser motriz e explosiva.

E as qualidades úmido e frio geram a água. Para Gregório Queiroz (2008:102): “A propensão ‘Frio armazenando Úmido’ corresponde ao elemento Água” que para ele é movimento de contração e de “volta para”. Ele define a água como um “trazer para si, um recolher e acolher”. Fala em um chamado evocativo em direção a si mesmo daquilo que está fora, no mundo.

Para André Barbaut (1995:79,80) a água é:

Úmida (ligação) e fria (retenção)” e por isso representa o estado líquido de plasticidade, de afrouxamento da matéria, toda feita de receptividade e passivbidade, movendo-se conforme as impressões recebidas.

Para Barbault a água é o elemento de base, “a massa primordial fecundada pelas riquezas que ela assimila, criadora, animada pela ação do calor”. Assim, ela “amolece, mistura, absorve, enche, dissolve, interioriza”.

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