( caminhos que podem ajudar)
Nos idos de 1920, abalado pela guerra na Europa, Freud trouxe uma importante contribuição sobre as dinâmicas sociais em Psicologia das Massas. Em suas reflexões, considera que o sujeito ao pertencer a um grupo é capaz de reações que individualmente não pensaria ser possível. Segundo o autor, as massas tendem a manifestar emoções de forma mais regressiva, ou seja, em grupo somos mais infantis e mais impulsivos. Nossos sentimentos primitivos podem se manifestar de maneira, muitas vezes, imprevisível. De alguma forma, ganhamos mais força quando estamos em um “bando”, a capacidade crítica e a razão diminuem e são capazes de gerar, muitas vezes, violência.
Este movimento grupal enfraquece as individualidades e gera uma espécie de fusão horizontal com a consequente idealização de um líder, super valorizado.
No filme “A Onda” observamos um exemplo didático do que um grupo é capaz. Baseado em fatos reais, um professor de escola média estimula os alunos a viverem na prática os ideais do nazismo com a expectativa de trazer à consciência todas as brutalidades subjacentes, mas inesperadamente ocorre exatamente o inverso: o grupo se apaixona!
Freud diz que quanto mais vulneráveis somos como indivíduos, mais nos apaixonamos pela ideia de um líder poderoso que, com mãos de ferro saberá o melhor caminho. Há, portanto, uma estreita relação entre fragilidade e idealização. Em psicanálise diríamos que o lado bebê em busca da mãe perfeita entra em cena.
Uma das principais consequências deste rebaixamento das funções lógicas e racionais geram a criação dos chamados “bodes expiatórios”ou seja, fica mais fácil elegermos inimigos e operarmos psiquicamente de forma maniqueísta: se estamos do lado do “Bem”, o “Mal” está fora. E quem serão estes eleitos? Aqueles diferentes do grupo. O alvo está voltado, então, aqueles portadores das atribuições que rejeitamos em nós. Excluir ou denegrir o outro nos protege daquilo que não aceitamos em nós mesmos. Podemos observar estas manifestações desde pequenos grupos, como famílias, alunos de uma escola, rodas de amigos até grandes grupos sociais.
Por exemplo, o preconceito que, muitas vezes, gera violência contra categorias sociais menos favorecidas, representa nossa pouca capacidade para entrar em contato com determinados aspectos que nos angustiam. Daí o alívio em eliminar do convívio as pessoas com estas características. Vale refletir um pouco mais porque temos dificuldade para aceitar pessoas diferentes. Algo em nós precisa se proteger deste contato. É possível que evitemos justamente o que não queremos ver em nós mesmos.
Na verdade, quanto mais e melhor nos conhecemos, mais nos tornamos tolerantes ao outro e aos revezes desta vida….
O respeito e a tolerância são desafios que só a maturidade emocional permitem.