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Portas para abrir

Não me iludo. Tudo permanecerá do jeito que tem sido, transcorrendo, transformando.
Tempo e espaço navegando todos os sentidos

(“Tempo Rei”, de Gilberto Gil)


Neste texto comentarei sobre quatro músicos brasileiros que criam suas obras com muita sensibilidade e emoção, colocam suas almas à serviço do afeto e são receptivos ao mundo e ao tempo em que vivem. São quatro cancerianos que recentemente comemoraram mais um ano em suas vidas. São músicos carinhosos, com rara habilidade e inteligência para lidar com as pessoas e públicos de diversas culturas e nacionalidades.

O primeiro deles é o multinstrumentista, compositor e arranjador alagoano Hermeto Pascoal, que no dia 22 de junho completou 85 anos de vida e de música. Ele sempre afirma que sua missão é ser músico e que a música está todo o tempo em sua cabeça, no seu corpo, na sua alma e no seu espírito.

Eu tive a honra de criar o roteiro e produzir uma série especial de 4 programas para as Rádios Cultura Brasil e Cultura FM em homenagem a esse grande músico brasileiro. Intitulada “Hermeto 85 – Vida em Sinfonia”, cada programa recebeu um título e está relacionado a um elemento da Natureza, já que a música de Hermeto Pascoal tem como fonte de inspiração a sua relação com o Universo e ele a denomina “Música Universal”. O primeiro programa “O Campeão” realça o elemento Fogo (ele tem a Lua em Leão e Júpiter em Sagitário) e como se expressa na personalidade calorosa, generosa, irradiante e assertiva de Hermeto Pascoal. Ele trata todos de Campeão, sendo ele o grande “Campeão”, tendo construído uma trajetória de sucesso e é respeitado no mundo todo. O segundo programa “O Menino Sinhô” realça o elemento Terra (ele tem Netuno em Virgem e Saturno em Peixes) e revela sua sintonia com o mundo material, o campo e a cidade. O menino que logo cedo encara a vida com seriedade e determinação, comenta sobre sua relação familiar e sua formação musical autodidata. O terceiro programa “O Bruxo Alquimista – O Mágico” é a vez do elemento Água (ele tem Sol e Plutão em Câncer e Saturno em Peixes) e perceber como Hermeto se relaciona com a realidade por meio dos sentidos e como coloca a emoção à serviço da sua música. Ele explica como a religiosidade e espiritualidade estão presentes nas suas obras. De tudo, como um alquimista, o bruxo dos sons faz música de forma espontânea. O quarto programa “O Albino Louco” finaliza com o elemento Ar (ele tem Mercúrio, Vênus e Marte em Gêmeos) e mostra um pouco da expressão mental de Hermeto Pascoal, suas ideias abstratas e seus experimentalismos sonoros. É destacado também as relações desse músico com outros grandes artistas como Airto Moreira, Ron Carter, Miles Davis, Elis Regina e os músicos que integram seu grupo e big band. Para ouvir os dois primeiros programas, acesse os links abaixo. Os próximos dois programas irão ao ar nos dias 6 e 13 de julho, as 17 horas, na Cultura Brasil (77,9 FM / 1200 AM) , e nos dias 11 e 18 de julho, às 20 horas, na Cultura FM (103,3 FM).

https://cultura.uol.com.br/radio/programas/hermeto-85-vida-em-sinfonia/2021/06/22/3_o-campeao-primeiro-episodio-da-homenagem-aos-85-anos-de-hermeto-pascoal.html?fbclid=IwAR3ImamsnM8h3UMEAVEt6OZSN4a3l3JFfjNwi02Vdm-c3ji_GpwwLjO-A90

https://cultura.uol.com.br/radio/programas/hermeto-85-vida-em-sinfonia/2021/06/29/4_saiba-o-destaque-do-segundo-episodio-da-serie-em-homenagem-a-

O próximo canceriano é o baiano Gilberto Gil que completou 79 anos de idade em 26 de junho. Cantor, compositor, multinstrumentista, produtor musical, ex-ministro da cultura, nomeado “Artista pela Paz” pela UNESCO (1999), Gilberto Gil tem mais de 50 álbuns lançados e uma extensa obra rica de influências de gêneros tipicamente brasileiros como também do rock, funk, reggae e da música africana. Ele tem uma natureza acolhedora e agregadora tanto em sua vida pessoal como profissional. Pai de oito filhos, vive rodeado da esposa Flora, filhos, netos, bisnetos e agregados. Gilberto Gil também leva esse ambiente familiar para o palco, como poderemos apreciar neste encontro com os filhos Bem Gil e José Gil e netos Francisco Gil e João Gil cantando a sua música “Estrela”.

No primeiro dia de julho, há 75 anos, nascia no interior de Pernambuco o cantor, compositor e instrumentista Alceu Valença. Formou-se em Direito, mas a Música foi mais forte na sua decisão em se dedicar a ela integralmente em sua missão na vida. Influenciado pelos maracatus, cocos e repentes de viola, Alceu Valença mesclou suas raízes musicais com a guitarra e baixo elétricos e o sintetizador eletrônico. Ele diz que “minha vida parece um filme, como se eu estivesse fazendo um documentário de tudo. As músicas guardam minha memória visual, são HDs de lembranças”.  Como típico canceriano, Alceu Valença se utiliza da memória para deixar o registro da sua bela obra na história, cheia de lirismo e emoção. Poderemos apreciar um desses momentos, nesse encontro de Alceu Valença com a Orquestra Ouro Preto, cantando sua “Anunciação”.

E para finalizar, vamos comentar sobre a “diva” Marisa Monte, que completou 54 anos no dia 1 de julho. Cantora, compositora, multinstrumentista e produtora musical carioca, Marisa Monte demonstrou interesse por música desde cedo. Em seu site, ela afirma de amava Maria Callas e Billie Holiday, assim como Carmen Miranda e a música brasileira. Em sua carreira de mais de 30 anos, é hoje um dos grandes ícones da música brasileira, lotando teatros e estádios dentro e fora do Brasil. Acaba de lançar um disco com canções inéditas – Portas -, após 10 anos. Para celebrar a chegada desse novo trabalho, Marisa Monte fez uma audição online para que os fãs tivessem acesso antecipado ao disco, mediante a compra de ingressos solidários. A renda dessa arrecadação será revertida aos profissionais da cultura do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador. Em parceria com Arnaldo Antunes e Dadi, Marisa Monte compôs “Portas”, música que dá nome ao disco, que pode ser apreciada neste link.

Nesse corredor, portas ao redor, querem escolher, olha só, uma porta só, uma porta certa, uma porta só.
Tentam decidir a melhor. Qual é a melhor? Não importa qual. Não é tudo igual, mas todas dão em algum lugar
e não tem que ser uma única. Todas servem pra sair ou para entrar. É melhor abrir para ventilar esse corredor

(“Portas”, de Marisa Monte / Arnaldo Antunes / Dadi)

Crédito da foto: Kelihope

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