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Porque não posso te contar do mapa do outro

Tem sido cada vez mais comum cliente pedir para dar uma olhadinha no mapa do marido, do namorado, do filho, etc.

Muitas vezes, a pessoa quer usar a própria consulta para fazer a consulta do outro. Quer saber não só sobre sentimentos que dizem respeito a ela mesma, mas também sobre a vida do outro como um todo. Isso acontece nas consultas de mapa, ou de tarô, quando a pessoa quer aproveitar pra dar uma perguntadinha sobre a vida de outra pessoa.

Eu costumo brincar que isso é fazer fofoca, mas no fundo isso não é brincadeira, é coisa séria. Estamos falando sobre questões éticas, sobre sigilo profissional, sobre invasão de privacidade.

Sei que tem astrólogo e tarólogo que faz isso, mas eu não faço. Claro que vemos situações alheias no mapa do cliente, ou no seu jogo de tarô. Mas dentro do que faz sentido e importa para a vida daquela pessoa.

Ou , numa consulta de sinastria, podemos ver a relação com toda sua dinâmica. Mas também faço uma sinastria levemente reduzida quando não tenho autorização da outra pessoa. Nesses casos, falo sobre o outro só o que realmente tem a ver com a dinâmica da pessoa que está na consulta, com algumas ressalvas porque acho que determinados assuntos são íntimos demais para falarmos a respeito sem a autorização da outra pessoa.

Recentemente, algumas pessoas me pediram pra enviar o áudio da mulher, do marido, da namorada, do namorado, do filho… Para quem nunca fez consulta comigo, eu explico o que é esse áudio. A pessoa vem para a consulta de mapa (ou faz por skype). Eu gravo a nossa conversa para enviar em seguida. E mando para a própria pessoa que fez a consulta. E aí que o namorado, a esposa, a mãe, que também são clientes, ou amigos, ou que sabem que a pessoa fez a consulta, me pedem para que eu envie o áudio da conversa para saber sobre o que falamos na consulta.

Devia ser obvio que não posso fazer isso, mas parece que não é, dado ao crescimento de gente me pedindo pra fazer isso. Por isso decidi escrever a respeito. Acho que nesses tempos de tanta devassa da vida pessoal, de tanta mistura entre público e privado, parece que tudo bem fazer isso. Mas e se fosse o contrário? Se a outra pessoa quisesse o áudio de quem está me pedindo?

Durante uma consulta de mapa ou de tarô, falamos de coisas muito íntimas da vida da pessoa. Abordamos todas as áreas de sua vida. Falo tudo que está nas cartas, ou no mapa, conversamos sobre temas fáceis e difíceis, mais superficiais ou mais profundos, mais íntimos. Ajudo boa parte dos meus clientes a tomarem as decisões mais importantes de suas vidas. Tiro dúvidas sobre a vida concreta e sobre o mundo subjetivo, ajudo a olhar o que está acontecendo lá dentro, o que muita vezes até então era difícil traduzir em palavras. Muitas vezes, falamos inclusive sobre a relação ou os sentimentos em relação a pessoa que está me pedindo o áudio. E mesmo que isso não faça parte da consulta, outros temas tão essenciais e profundos fazem.

Por isso, não mando de jeito nenhum. Nem conto nada. Tenho muitos clientes casais, família, amigos. Atendo um, o outro, o marido e a mulher, a mulher e o amante, a mãe e a filha, etc, etc etc, e na consulta de cada um falo só o que é de cada um, tento encontrar os outros no mapa ou nas cartas do meu clientes e é a partir desse lugar que falo sobre suas relações, sem tentar juntar o que sei dos outros que não estão presentes, sem pegar o mapa do outro pra dar uma olhadinha junto.

Até porque existe o sigilo profissional. Astrólogo e tarólogo funcionam como padre, terapeuta, psicólogo, advogado, etc. O que falamos na consulta, fica na consulta. E se quem veio para a consulta quiser, tem todo direito de contar tudo que foi conversado, de mandar o áudio, inclusive, caso se sinta à vontade. Mas aí a responsabilidade é da própria pessoa e tudo bem. Da minha parte, ninguém fica sabendo nada que aconteceu no consultório. Assim como também não fico vendo mapa de quem não me autorizou nem fazendo perguntas íntimas sobre quem não está na minha frente sobre assuntos que não dizem respeito ao meu cliente. Pra mim, isso é questão de ética, e ponto final.

 

 

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