Ordens do amor – PERTENCIMENTO
por Titi Vidal
Ordens do amor
Para Bert Hellinger, existem leis que regulam os sistemas, inclusive o familiar e a harmonia desses sistemas depende desses princípios e regras. Para Bert, inclusive, a ordem precede o amor que, por maior que seja, só pode chegar se as ordens são reconhecidas.
Essas ordens são leis universais que definem a vida e as relações entre os seres humanos, desde seu nascimento até a morte e valem em qualquer cultura.
Ou seja, são leis universais que não pode, ser alteradas e sobre as quais não temos influencia. Pelo contrário, são elas que atuam sobre nós e delas dependemos para encontrar harmonia e paz, individualmente e como grupo/sistema.
A ordem precede o amor e ele só se desenvolve dentro dela. A ordem preexiste. Quando inverte a relacao e tenta mudar a ordem através do amor a relação está condenada ao fracasso. O amor se adapta à uma ordem e assim pode florescer, assim como a semente se adapta ao solo e ali cresce e prospera.
Quando a ordem é reconhecida, o amor flui.
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Pertencimento/Pertinência
Outra regra importante é PERTENCIMENTO. Isso significa que todos os membros de um sistema tem o mesmo direito de pertencer a ela e isso inclui os que morreram precocemente, os natimortos, os deficientes, os maus, os filhos abortados e outras pessoas para quem a família não quer olhar.
Ou seja a PERTINÊNCIA é uma ordem básica: aqueles que pertencem a um sistema têm o direito de pertencer a esse sustenta e têm o mesmo direito que todos os outros.
Entretanto, em muitas famílias, esse direito de pertencer é negado a algum membro. Pode ser um deficiente, um filho fora do casamento, um bebê que foi abortado ou nasceu morto, uma amante, etc. Essas pessoas não são vistas, não são lembradas. Muitas vezes são esquecidas porque lembrar pode trazer sofrimento.
Mas quando se nega um direito de pertinência a um membro da familia, seja por não querer reconhecer que lhe devem algo, seja porque lembrar traz medo ou sofrimento ou por qualquer outro motivo, em algum momento, pela necessidade do próprio sistema se equilibrar e pela identificação, algum membro da família imitará aquele que foi excluído (e isso acontecerá de forma inconsciente, sem que ele possa se defender ou até mesmo se dar conta do que está acontecendo). Por amor e por lealdade à alma da família, alguém em alguma geração future irá lembrar daquele que foi excluido.
Isso acontece porque sempre que é negado a um membro a pertinência no sistema, surgirá uma necessidade irresistivel do própri sistema de restabelecer a integridade perdida e compensar a justice cometida e a forma como isso mais comumente acontece é pela representacao ou imitação do membro excluido. Ou seja, quem está representando esse membro que foi excluido, segue seu destino.
Quando alguém morre prematuramente, ou de forma trágica, isso também pode gerar uma sensação de culpa dentro do sistema familiar e alguns de seus membros podem desejar seguir esse mesmo destino, por amor, e por lealdade.
Em outras palavras, existe um vinculo num sentido mais amplo do que a consciencia pessoal, algo que pertence a todo sistema. Para a consciência do grupo, todos pertencem e tem esse direito de pertencer (como exceção, no caso de assassinos, especialmente alguém que assassina alguém da própria família, algumas vezes a consciência do grupo exige a exclusão).
Quando se reverencia um morto ou alguém que por alguma razão foi excluído, e lhe dá um lugar de honra, toda família sente seu reflexo, como um efeito positivo. Isso restabelece a ordem e tira a necessidade de que alguém represente aquele que foi excluido.
Quando reina essa ordem do amor, o sistema e consequentemente seus membros encontram paz. Quando damos a cada um seu lugar de direito, com reconhecimento, honrando seus destinos, estamos em paz com eles e assim nos sentimos completes, íntegros e podemos viver nosso destino.