Praga é a capital e maior cidade da República Checa. Localizada no leste europeu às margens do Rio Moldava, a bela Praga encanta por sua beleza, pela arquitetura e pela vida cultural. Além de linda, Praga é cheia de Astrologia. A prova disso é sua atração principal, o relógio astronômico que fica no meio da praça principal da cidade, que atrai diariamente uma multidão que fica a contemplar sua beleza e o belo espetáculo que apresenta de hora em hora, sempre aplaudido por todos que estão ali a admirá-lo. E ele não é a única referência astronômica/astrológica da cidade, que é cheia de histórias ligadas aos astros. Prova disso também o grande observatório astronômico existente dentro do Klementinum, um complexo que era dos jesuítas, onde além da igreja dos espelhos, que leva este nome por seus maravilhosos espelhos no teto que refletem as estrelas desenhadas no chão, possui uma grande biblioteca com globos, entre eles alguns celestes, com as estrelas e constelações e relógios, dentre os quais um astronômico/astrológio. Por sinal, neste complexo trabalharam Tycho Brahe e Johannes Kepler, que tem um museu dedicado a ele, onde podemos encontrar inclusive referências de seu trabalho como astrólogo, como seu próprio mapa astrológico feito por ele mesmo com sua interpretação. No Klementinum podemos encontrar, ainda, uma torre astronômica. Também encontramos Astrologia na catedral de São Vito, a principal igreja da cidade, localizada dentro do castelo, onde há imagens dos doze signos em seu portal lateral, na chamada porta de ouro, logo abaixo de um belo mosaico que faz referência ao julgamento final. Também a Ponte Charles, a mais importante de Praga, que foi inaugurada em data e horário escolhidos por astrólogos. Mas a grande atração dos astros em Praga é mesmo o belo relógio astronômico/astrológico, inaugurado em 1410 e em funcionamento até hoje, apesar de ter sido restaurado em alguns momentos por ter sido afetado, entre outros eventos por um incêndio e ter sido baleado pelos alemães em 1945. Foi construído pelo relojoeiro Mikulas de Kadan e por Jan Sindel, matemático e astrônomo. Anos mais tarde, em 1552 foi reparado pelo mestre – relojoeiro Jan Táborsky. O relógio está em uma torre e contém muitas partes e informações. De baixo para cima, há uma porta e logo em cima a primeira parte, um calendário que contém doze imagens referentes aos meses do ano e doze imagens referentes aos doze signos. Além disso, o grande calendário contém cada dia do ano e um mostrador apontando para a data atual. Como que segurando o calendário, duas figuras também chamadas de “sleepers” um despertando e o outro prestes a dormir, representam, respectivamente, o nascer e o por do Sol. Do lado esquerdo do calendário podemos observar duas figuras: um anjo, que por muito tempo apontava com sua espada o dia atual – depois de alguma das restaurações foi incluído um mostrador e o anjo perdeu essa finalidade – e um filósofo. Do outro lado vemos o astrônomo e o cronista. Estas três últimas figuras representando profissões importantes à época de sua construção. Subimos um pouco mais e ali a grande atração do também chamado Horologe – o grande relógio astronômico/astrológico. Ali temos todo tipo de informação sobre o tempo. Podemos ver a hora babilônica, a hora bohêmia, a hora civil e a hora sideral. Além disso, no centro do relógio um zodíaco nos mostra a posição exata de Sol e Lua por signo. Mais que isso, o zodíaco que está sempre em movimento mostra a posição do Sol em relação à Terra, mostrando se é dia ou noite, e em que casa astrológica ele estaria se estivéssemos falando de um mapa astral. O relógio tem mostradores que apontam os solstícios e equinócios e definem cada uma das estações. De acordo com a posição do Sol neste zodíaco sabemos, portanto, qual a hora do dia ou da noite, qual signo ele está e em qual estação do ano nos encontramos. Além disso, a relação entre Sol e Lua no zodíaco presente no Horologe mostra em que fase lunar estamos neste exato momento. Do lado esquerdo do relógio astronômico/astrológico há o homem vaidoso com o espelho e o judeu/avarento, do lado direito o turco e a morte. Aliás, é a morte quem toca o sino anunciando que o espetáculo vai começar. Apenas ao seu sinal os apóstolos saem para seu desfile. Ela está lá para lembrar da perenidade da vida e que a morte pode chegar a qualquer tempo, em qualquer hora e momento. Quando subimos um pouco mais encontramos um anjo, considerado por alguns um milagre por ser a única parte jamais destruída do relógio. Ao lado dele duas janelas com estrelas, uma de cada lado, que de hora em hora exibem um belo espetáculo. Ao completar a hora cheia, abrem as janelas e os doze apóstolos desfilam para seu público, sempre grande, que espera ansioso por este momento. Logo acima do anjo um cuco, que após o desfile dos apóstolos dá o seu alô avisando que uma nova hora já começou. Então começam as badaladas do sino presente na torre, seguidas pelo tocar do trompete para as quatro direções cardeais. Todo esse ritual, desde que a Morte toca o sino, passando pelo desfile dos doze apóstolos, o cuco, o sino e o trompete acontece de hora em hora e uma multidão se reúne na praça, em frente ao relógio para assistir. Ao final de cada apresentação todos aplaudem efusiva e emocionadamente o espetáculo. Entre as horas, muita gente passa em frente ao relógio para admirar e tirar fotos. Inclusive casais de noivos que aparecem a todo momento para tirar foto em sua frente. O relógio é conhecido como Orloj ou Horologe, que une a ideia de um mostrador de horas a um mostrador do funcionamento do cosmos. Vale lembrar que quando foi construído astronomia e astrologia eram a mesma coisa. Astrônomos eram astrólogos e vice versa. Por isso é chamado ainda hoje principalmente de relógio astronômico, apesar de incluir em seu funcionamento a Astrologia, especialmente pelo zodíaco, que mostra os doze signos astrológicos e a posição do Sol e da Lua neste zodíaco. Esse relógio astronômico/astrológico que não é o único do mundo, mas certamente um dos mais conhecidos mostra o quanto a Astrologia sempre esteve presente na vida humana e o quanto continua fascinando o mundo. Este relógio também é cheio de histórias, lendas e mistérios. É visto por muitos como algo sagrado, cheio de segredos sobre o universo. Acredita-se que contém conhecimentos ocultos sobre o cosmos e a relação entre o céu e a terra. É considerado uma obra sem comparação em toda Europa e no mundo, pois apesar de existirem outros relógios astronômicos/astrológicos – como em Veneza, por exemplo – este é considerado especial. E também o mais antigo, pois apesar de tantas reparações, adaptações e consertos, ele se mantém em funcionamento há tantos séculos, desde que foi construído em 1410. Olhar para este relógio ao vivo e em cores é uma experiência no mínimo emocionante e nos faz sentir parte de todo cosmos ao percebermos que tempo e espaço estão conectados, assim na terra como no céu.