Há mais ou menos 2 meses, eu me mudei de apartamento. A mudança não foi nada planejada. A expectativa era começar a pensar em sair do antigo apartamento apenas quando a pandemia passasse. Mas, infelizmente, surgiram problemas que nos impediram de seguir vivendo lá. Foi bem frustrante e estressante, afinal, estávamos seguindo a quarentena a risca. Não saíamos de casa para nada desde março (teve apenas uma ida ao hospital por causa de uma tendinite). Porém, o que mais nos chateou em todo esse processo da mudança é que, no meio de uma situação em que cada pessoa tem que fazer um pouco para cuidar do outro, ficou bem claro que ninguém liga pra ninguém.
É óbvio que isso é uma generalização e não se aplica à realidade. Mas foi exatamente assim que me senti quando o síndico avisou 2 dias antes que começariam uma obra de 1 mês nos apartamentos com final 2. No meio de uma pandemia, decidiram retomar uma obra que estava parada há meses e avisaram os principais impactados pouco tempo antes.
A tal obra emergencial ou o “ninguém liga pra ninguém
Pedimos mais tempo para nos prepararmos, mas a única resposta que ouvimos é que “a obra era emergencial”. No entanto, descobrimos depois que a reforma estava sendo orçada há pelo menos 1 mês, mas ninguém se lembrou de nos avisar com antecedência. Simplesmente porque ninguém ligar pra ninguém. O objetivo era resolver logo o problema (mesmo que causasse outros).
Até o primeiro dia da obra, pensávamos que os desafios seriam o barulho (para quem está fazendo home-office, isso é o verdadeiro inferno), coisas da cozinha e da área de serviço entulhadas na sala, a impossibilidade de lavar roupas e de cozinhar sem ficar no meio do pó e dos materiais da obra. Mas, logo no primeiro dia, estouraram um cano. Resultado: 3 semanas seguidas sem água. O que já era bem chato, ficou pior ainda.
Por causa de todo esse transtorno mas, principalmente por ficar bem claro que ninguém liga pra ninguém, decidimos nos mudar. O curioso é que alguns moradores, inclusive membros do conselho, ficaram chateados com a nossa saída. Chegaram a nos ligar para saber por que queríamos nos mudar. Reforçamos que o problema não era a obra em si. Falamos também que entendíamos a necessidade de quem estava sendo impactado com o tal vazamento. O problema estava na forma como tudo foi conduzido: sem preocupação com alguns dos impactados pela obra.
Sempre tem uma lado positivo
Apesar desse episódio ter gerado muitos transtornos, ele deixou bem claro como é importante a gente se lembrar de que não está sozinho no mundo. Também mostra que com uma boa conversa e com planejamento tudo pode se resolver – até as situações insuportáveis como a de ter uma serra fazendo barulho na sua cabeça por horas seguidas.
Foto: United Nations COVID-19 Response no site Unsplash