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Narrativa através dos ciclos

La figura del “individuo” era una idea cíclica. – Emanuel Dimas de Melo Pimenta [1]

 

Astrologia é, entre outras coisas, o estudo dos ciclos. Os astrólogos observam, justamente, o movimento aparente dos planetas e outros astros em torno da Terra.[2]. Todos eles traçam um caminho aparente. Cada um deles demora um tempo determinado para percorrer todo zodíaco e cada um desses ciclos se repete infinitamente. A partir daí é possível fazer previsões.

Assim, desde a antiguidade o homem olha para o céu. Ao fazer isso, os antigos viam a relação entre os movimentos celestes e os acontecimentos terrestres. A partir dessa constante observação do céu, nossos antepassados descobriram relações profundas do céu com o que acontece na Terra.

Como conta Edgar Morin (2008):

Desde a Antiguidade, as sociedades humanas elaboraram concepções a respeito de um universo no qual cada uma delas se inscrevia. Essas sociedades modelaram sua organização de acordo com a ordem cósmica: seus calendários foram estabelecidos com base nos ciclos solares e lunares.

 

Por sinal, “Toda a nossa compreensão mental do mundo depende dos ciclos – se os eventos não se repetissem, não haveria um universo apreensível e estruturado” (TOWNLEY, 1995:9).

Esse interesse do homem pelo ciclos e especialmente pelo céu, acompanhou diversas civilizações ao longo do tempo, entre eles sumérios, babilônios, caldeus, egípcios, assírios, gregos, romanos, incas, maias, chineses, entre outros. Esses povos conheciam e interpretavam o céu, traçando paralelos com os acontecimentos terrestres.

Edgar Morin (1972:15) conta que mesmo antes do nascimento da astrologia, “os astros desempenhavam um papel central na maior parte das civilizações”. De acordo com ele, “A organização social estava decalcada sobre a organização cósmica e os ritos religiosos asseguravam a harmonia entre o homem e o mundo”. Morin ainda complementa: “A ordem cósmica era ao mesmo tempo modelo e garantia da ordem social”.

Para dar apenas alguns exemplos dos ciclos que sempre vivemos, todos os dias temos um de 24 horas, a noite e o dia. Todos os dias o Sol nasce no horizonte leste (o que astrologicamente tem relação com o Ascendente e as casas astrológicas). Também os ciclos lunares, que têm duração de aproximadamente 29 dias para que as quatro fases sejam percebidas por nós. 29 dias que são o tempo para a Lua percorrer todo zodíaco.

Um dos ciclos mais conhecimentos e vivenciados pelo homem é o do Sol através do zodíaco, que dura aproximadamente 365 dias, ou um ano.

O zodíaco, na definição da astróloga Maria Eugênia de Castro (2000:24), é “uma faixa aparente, em forma de circunferência, portanto de 360o, que ‘envolve’ o nosso sistema solar de acordo com o referencial de um observador na Terra como centro”. Ela ainda explica que “Esta circunferência é subdividida igualmente em 12 signos, ocupando 30o cada um”. Os nomes dos signos foram extraídos das 12 constelações zodiacais, pelas quais o Sol aparentemente transita. Mas é importante ressaltar que signos e constelações não são a mesma coisa, até porque cada constelação tem tamanho e formato distinto e a faixa zodiacal onde estão os signos é uma divisão imaginária, que divide a circunferência em torno da Terra em 12 partes exatamente iguais. Maria Eugênia de Castro frisa essa diferença: “O Zodíaco astrológico é diferente do Zodíaco astronômico. Embora mantenham os mesmos nomes, partem de princípios e objetivos diversos”. Ela ainda lembra que “o Zodíaco tornou-se o símbolo mais antigo e conhecido em quase todas as civilizações da Terra”. Explica, também, que a palavra Zodíaco “ vem do nome grego ‘Zoe’ = vida, e ‘Diakos’ = roda”. Ou seja, zodíaco significa roda da vida, por onde o Sol, o grande doador de vida do nosso sistema e da vida humana, transita, percorrendo toda esta faixa ao longo do ano.

O francês André Barbaut (1995:90) define o zodíaco como “o antigo relógio do céu”.

[1] MIRANDA, Eduardo Reck. Música e Novas Tecnologías. Barcelona: ACCAngelot, 1999.

[2] Sabemos que a Terra gira em torno do Sol. Mas a Astrologia considera o aparente movimento de todos os astros em torno da Terra, a partir do ponto de vista do observador.

Edgar Morin. Filhos do Céu: entre vazio, luz e matéria. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

TOWNLEY, John. Ciclos astrológicos e períodos de crise. 2 ed. São Paulo: Pensamento, 1998.

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