“Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós. Tenho que apagar a luz, tenho que calar a voz.
Tenho que encontrar a paz, tenho que folgar os nós”
(Gilberto Gil)
Nestes tempos de isolamento social, de ficar em casa, tenho buscado ouvir a minha voz interna e vozes de pessoas que eu respeito e admiro, mas também procurado me surpreender também com novas vozes. Tenho assistido muitas lives com conversas e compartilhamentos de opiniões e pontos de vista sobre a situação de saúde, da política e economia atual, como também de amigos e colegas astrólogos analisando o que os astros sinalizam e simbolizam neste momento.
E falando da voz humana, tenho me sensibilizado com alguns intérpretes. A primeira delas é Vanessa Moreno, que tem uma voz linda, uma afinação invejável, grande pesquisadora do canto e ousada em suas propostas. Uma delas é o trabalho que desenvolveu com Fi Maróstica e seu contrabaixo melódico, harmônico e percussivo. Esse encontro gerou dois CDs (“Vem ver”, de 2013, e “Cores Vivas”, de 2016).
No link https://www.youtube.com/watch?v=g2vc4kyH_tM é possível assistir um momento do show que eles realizaram no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, no qual apresentaram “Se que quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil, com participação de outra belíssima voz e intérprete – Mônica Salmaso.
O compositor, arranjador, produtor e multinstrumentista André Mehmari cerca-se grandes músicos em seus trabalhos em palcos e estúdios e, entre eles, especiais cantores. Das lives produzidas por seu Estúdio Monteverdi, eu gostaria de destacar o encontro com uma cantora e compositora que eu gosto muito – Verônica Ferriani. E como uma homenagem ao grande cronista e compositor brasileiro Aldir Blanc, que nos deixou há pouco, Verônica Ferriani canta “Resposta ao tempo”, parceria dele para a música criada por Cristovão Bastos. Aprecie este momento neste link https://www.youtube.com/watch?v=YHC5QYsQfHQ
Outro dia, uma amiga querida, compartilhou um vídeo de uma jovem cantora armênia – Arpi Petrosyan. Eu não conhecia e fiquei maravilhado com seu timbre vocal (contralto) e maneira de cantar. Sua formação é no âmbito da ópera e dos cantos folclóricos de seu país. Aqui vai o link com ela cantando “The way you look tonight”, de Dorothy Fields /Jerome Kerns – https://www.youtube.com/watch?v=0RUJ_bLVn30
Gosto muito de um grupo alemão de Nu Jazz que tem o nome de Club des Belugas. Assistindo vídeos desse grupo, me surpreendi especialmente com um feito com a compositora e cantora russa Maya Fadeeva. Nascida em São Petersburgo, cresceu em Nova York, estudou canto na Holanda e atualmente vive em Colônia, Alemanha. Em 2018, ela lançou seu primeiro álbum – Chamëleon – com Club des Belugas. Veja uma faixa desse trabalho de Maya Fadeeva cantando “Save a little love for me” – https://www.youtube.com/watch?v=d9-zvM0zBog
Falando de voz, não poderia deixar de lembrar do domínio vocal de Bob McFerrin, que sempre surpreende com suas apresentações, como esta em “Say Ladeo” – https://www.youtube.com/watch?v=b__9YQLJSZo
E com certeza, McFerrin foi uma inspiração ao trabalho do Barbatuques. É um núcleo artístico e pedagógico que pesquisa a percussão corporal. A expressão musical através da exploração dos inúmeros sons que podem ser produzidos pela voz e pelo corpo humano é o tema central do trabalho que o grupo desenvolve desde 1995. A música “Na Mata”, de Fernando Barba e Helô Ribeiro, integra “Ayú”, o 4º disco do Barbatuques, e viaja pela floresta no embalo do carimbó, e pode ser desfrutada no link https://www.youtube.com/watch?v=2M-bCB2-GrE
Um dos trabalhos que eu sempre admirei, e muito me emocionava em suas apresentações em teatros, igrejas, escolas e locais públicos, é o Coral da Gente do Instituto Baccarelli. São dezenas de grupos de diferentes níveis e idades, que cantam e se movimentam cenicamente. Ouvir as crianças e jovens cantando com técnica e paixão, com arranjos criativos e qualidade musical, acalenta o coração e enche de esperança de um mundo melhor. Aqui vai um momento em que o Coral da Gente (grupos Intermediário e Avançado, dirigidos por Silmara Drezza e Maíra Ferreira), apresentou “Feira de Mangaio”, de Sivuca e Glorinha Gadelha, com arranjo de Juliana Ripke, na Sala São Paulo – https://www.youtube.com/watch?v=tujnmAeM9CU
E para terminar o texto em alto astral, compartilho a iniciativa do grupo vocal Ordinarius, que convidou seu público a dançar ao som de seu arranjo para “Baila Comigo”, de Roberto de Carvalho e Rita Lee. Foram enviadas dezenas de vídeos, todos feitos em suas casas, e que foram agrupados na versão final que pode ser curtida no link https://www.youtube.com/watch?v=30aLTIdr50s
“Guarda de mim o que for de melhor. Os meus sonhos, os delírios, a voz e o suor.
Pois sempre na vida chega o momento em que se desatam os nós”.
(“Voz e Suor”, de Sueli Costa / Abel Silva)