A prática de meditação vem dos tempos pré-históricos. Na China, por exemplo, temos indícios de sua prática nos textos do I CHING há mais de três mil anos. Isto sem mencionar a tradição dos Vedas na Índia. Desde que o ser humano vem se conhecendo e conhecendo a natureza à sua volta as práticas meditativas se fazem presentes na sua tentativa de ser feliz. E o que é preciso para ser feliz? Não me refiro à felicidade fugaz que todos nós já sentimos, que vem e vai dependendo das circunstâncias. Falo da felicidade duradoura, para além das mudanças externas. Aquela que sentimos bem no fundo de nós mesmos. Atingir esta meta simples não é fácil. O alcance material da nossa época faria inveja a nossos antepassados, porém a realidade mostra que seu desfrute nem sempre leva à felicidade e na maioria dos casos nos leva para longe dela. Guerras, ignorância, doenças, grosserias, intolerâncias, mercantilismo e outras ameaças nos jogam num paradoxo. Será que o mundo como se configura hoje nos afasta ou nos aproxima da felicidade? Procuramos no mundo todo o que nos dará felicidade e esquecemos de procurar naquilo que está ao nosso alcance sempre: em nós mesmos, em nosso mundo interior. É que nossa mente geralmente tem uma vaga noção de si mesma, e muitas vezes confusa. Dizemos que temos uma mente ou uma consciência, que somos ou existimos falando “eu sou”, mas não sabemos do que este “eu” é feito, qual sua natureza, suas qualidades ou como funciona. Nosso principal instrumento para conhecer o mundo exterior e interior permanece sem que tenhamos a menor compreensão sobre ele. Falo aqui da nossa mente. A meditação é para tratar de conhecer a mente, estuda-la e reconhece-la. É um método certo e seguro de atingir uma felicidade duradoura e profunda, mesmo que você seja uma pessoa ocupada, e mesmo sem ser um dito “profissional” do assunto, isto é, um professor, lama ou monge. O que as tradições meditativas têm a oferecer é um manual prático para experienciarmos a verdadeira natureza da mente, ou seja, buscar a mente que habita nosso corpo. Essencialmente não podemos dizer que a mente é encontrada em um lugar particular na pessoa ou em qualquer outro lugar. A MENTE É O QUE SOMOS e sua natureza está além das representações, conceitos, nomes e formas. Podemos abordar a mente de forma dupla analítica e contemplativa, com concentração e plena atenção. Assim vamos descobrindo os diferentes pensamentos e sensações; as emoções agradáveis e desagradáveis; os desejos e as aversões; todas as experiências de sofrimento e felicidade. Ser feliz não é ficar sem problemas, estes problemas são a oportunidade para treinar a paciência e praticar. Os frutos da meditação são, sobretudo, as transformações a longo prazo advindas do estado de mente alerta aplicado na vida diária – uma mente meditativa. Meditar é formar um elo entre a meditação e nossa mente no dia a dia, combatendo a desatenção que nos leva a uma realidade dissociada do momento presente. A meditação nos conecta com a realidade tal como é, como um estado de presença alerta, um estado natural de atenção ao presente.
Agradeço aos meditadores que me inspiraram no caminho, em especial ao budismo e seus conhecimentos precisos. Como diria o poeta e mestre Sufi RUMI: Este é o modo de entrar facilmente em seu mais íntimo lar – Feche os olhos e se entregue.
O Walter tem encontros de meditação quinzenalmente às segundas-feiras, na Vila Madalena. Informações pelos telefones 30324090 e 30319280.