Desde que comecei meu primeiro estágio em design gráfico, em 1998, tinha uma sensação de que meu lugar não era na empresa de outra pessoa. Sentia uma necessidade de buscar sempre coisas diferentes: desafios, projetos e novos aprendizados. Confesso que não sabia exatamente o que era aquilo, o que considero um de meus pontos fracos na época.
Eu venho de uma família da área da Saúde. Meu pai era médico e minha mãe fonoaudióloga. Profissões em que o empreendedorismo não é, necessariamente, muito utilizado. O tino comercial não existia e nem me era ensinado.
Neste mesmo ano de meu primeiro estágio, lembro que fui fazer uma entrevista em uma editora grande para trabalhar com Webdesign e lá vi, pela primeira vez, um monte de códigos na tela do computador que não entendia absolutamente nada. Justamente por não compreender, decidi que era aquilo que queria fazer no meu próximo emprego.
Em seguida, comecei a estagiar em um portal de esportes de aventura. Na época, a internet estava engatinhando. Entrei como estagiária e em pouco tempo – eu e o portal – fomos crescendo juntos e logo estava coordenando a equipe de TI e Design. Foi quando entendi o que realmente estava se passando dentro de mim. Quatro anos depois pedi demissão do portal e resolvi seguir meu coração trabalhando como freelancer.
Foi assim que nasceu a Favus (@fabisoccol.branding / www.favus.com.br), empresa que mantenho até hoje. O esquema era simples: de dentro do meu quarto de solteira na casa dos meus pais e com um computador razoável. Sentia muito medo, ao mesmo tempo em que tinha determinação e persistência.
Depois de poucos meses saí desse quarto e fui dividir meu primeiro escritório em um prédio comercial com a empresa de um amigo. Eram 30 metros quadrados para três pessoas. Logo eram cinco. Depois seis. Com o crescimento de nossas empresas, eu e meu amigo seguimos nossos próprios caminhos.
Sabe aquele portal que entrei como estagiária? Virou meu cliente e me indicaram muitos outros, sendo meus grandes incentivadores. Os sócios desse portal confiaram muito em meu profissionalismo e na minha capacidade. Sou muito grata por ter tido pessoas tão especiais que foram atravessando meu caminho durante toda a minha trajetória profissional. Acho que meu segredo sempre foi observar todas as pessoas que aparecem ao meu redor e a minha capacidade de interagir com qualquer um.
Nem tudo são flores. Passei por muitas dificuldades como micro empreendedora, virando muitas noites e algumas vezes sem ganhar nada. Outras vezes guardava dinheiro suficiente apenas para pagar as contas da empresa, salários e fazer caixa para imprevistos.
Em 2010, já casada, após uma baixa financeira, decidi que precisava diminuir meu ritmo se quisesse ser mãe com sanidade mental. Dessa forma, decidi voltar para home office. O que na época parecia coerente, hoje sei que essa foi a pior decisão que tomei na minha vida profissional.
Em meio à loucura de tentar engravidar com todas as caraminholas que os médicos nos colocam sobre a idade, tive um insight durante uma reunião entre amigos e naquela noite iniciou o projeto que veio a ser minha segunda empresa, a e.charmè. Uma loja online especializada em lenços, echarpes e pashminas (@echarme.acessorios / www.lojaecharme.com.br).
A e.charmè acabou nascendo junto com minha filha e foi quando eu e meu marido achamos que eu deveria ficar o primeiro aninho dela me dedicando exclusivamente ao seu desenvolvimento. Na época, lembro que foi um misto de “Nossa, que fantástico.. vou cuidar só da minha filha!!” e “Meu Deus, eu vou ser ‘só’ mãe e dona de casa?”.
O resultado disso tudo foi que logo no terceiro mês de vida da Catarina eu já não aguentava ficar sem pensar em projetos e estratégias. Voltei a dar andamento à e.charmè. tirando fotos dos produtos em casa, buscando novos fornecedores e montando o e-commerce. Mais uma nova fase da minha vida começou: esposa, mãe e dupla empreendedora. Quem disse que aquela jovem tinha morrido e não queria mais desafios, não é mesmo?!
Então, desde 2015, a Favus é o local onde me realizo ajudando microempreendedores, assim como eu, a traçar seus caminhos estratégicos online e offline. Nós construímos juntos a personalidade de marcas que estão nascendo ou que estão em processo de evolução, definimos posicionamento estratégico, DNA de Marca, a melhor forma de se divulgarem nas redes sociais, os sistemas que devem usar, o conteúdo que precisa ter em seus projetos de sites e lojas virtuais. Enfim, me realizo “pegando na mão” de outras empreendedoras, ajudando-as a construírem suas marcas da forma correta, desde a sua concepção.
A e.charmè é minha fonte de desafio próprio. Uma fonte que me faz pensar fora da caixinha. Que me faz entender o mercado de forma diferente e que me faz sempre ir atrás de novas tecnologias.
Vivo sempre buscando novos desafios, aprendizados e leituras. Sempre em busca de conhecimento. Essa é a dica mais preciosa que dou a todos os empreendedores: nunca pare de estudar, procurando sempre sair de sua zona de conforto. Não esqueça que o mundo evolui e que sua marca deve sim crescer junto. Mas ela só vai evoluir se seu olhar progredir também.