Ícone do site Titi Vidal

Elemento ar (presente nos signos de Gêmeos, Libra e Aquário)

Ar

 

Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão

E um sonho audaz
Feito um balão…

– Byafra[1]

 

Astrologicamente o ar é o elemento da razão e, consequentemente, da imaginação. Não vivemos quando nos falta o ar, porque dependemos da respiração para que exista vida. Ou seja, só vivemos porque existe o ar e porque quando respiramos pulsamos a vida dentro de nós.

O ar é o elemento do pensamento e como disse Descartes “Penso, logo existo”. Existimos como ser humanos, portanto, porque além de respirar pensamos e é apenas esse pensamento – e a nossa inteligência – o que, em tese, nos diferencia dos outros animais e formas de vida.

Mas, apesar do ar ser o elemento que nos diferencia de qualquer outro animal, é justamente o único elemento que não enxergamos na natureza. Apenas sentimos. Vemos o fogo, a terra e a água. Não enxergamos o ar.

Para a astróloga Liz Greene (2002:273):

O ar, além de ser necessário à vida e à respiração, é, de todos os quatro elementos astrológicos, o menos tangível. O fogo pode queimar ou aquecer você, a água pode refresca-lo ou afoga-lo, a terra pode enterrá-lo ou produzir culturas, mas você não pode ver o ar. Como a mente – sobre a qual especulações filosóficas sem fim de apoiaram durante muitos séculos -, o ar é volátil, maleável, transparente, claro e, pode-se dizer, absolutamente abstrato.

 

Mesmo um vento forte, apenas podemos sentir, nunca enxergar ou aprisionar. Por isso o ar é também o elemento da liberdade, assim como o pensamento, que é o que temos de mais livre. Ninguém pode controlar um pensamento – nem o próprio e muito menos o de outra pessoa. Por isso também os três signos de ar, Gêmeos, Libra e Aquário, considerados os intelectuais do zodíaco, também precisam desse livre pensar. São curiosos por natureza e precisam de sua liberdade mental para ser quem são.

Além do pensamento, ninguém pode controlar – ou sequer enxergar – uma imaginação. Por isso o ar é justamente o elemento da imaginação. E como nos conta Bachelard (2009:01) “…a imaginação é essencialmente aberta, evasiva”. A imaginação é livre e evasiva como o ar, porque é a este elemento que ela pertence.

Assim, se o pensamento pertence ao ar, a ele também pertencem a imaginação, a poética, as metáforas e o mundo dos sonhos (que também recebem a influência da água). O ar, assim como o pensamento, a imaginação, os sonhos, vão longe. E vão sem ninguém ver, vão sem que possamos perceber onde está e onde pode chegar. Até porque o ar vai longe, sobe ao céu e está em todo lugar, inclusive dentro dos demais elementos. A terra contém o ar. A água contém ar em sua composição. O fogo apenas sobrevive com o ar. O ar está dentro e fora de nós. O ar está na Terra e esta no céu.

Por isso tudo o vôo também é associado ao elemento ar. Um balão, para subir, precisa do ar. Bachelard (2009) analisa o sonho de vôo e mostra como durante o próprio tempo do sonho, o sonho de vôo se racionaliza. Fala sobre o quanto o próprio sonhador comenta, com sua inteligência, esse tipo de sonho e, ainda, o quanto esse sonho é explicado por longos discursos de quem sonha.

Para Bachelard (2009:22) “em essência, toda imagem aérea tem um porvir, tem um vetor de vôo”. O ar, de alguma maneira, sempre quer subir.

Por isso também a associação do ar às asas, porque com elas pode-se subir. Quando pensamos no elemento ar, mesmo que ele esteja em todos outros lugares, logo pensamos no céu. Assim, Bachelard (2009) também contempla a poética das asas ao falar sobre o elemento ar.

Mas, voltando ao pensamento e à imaginação, se pensamos que o mundo da imaginação pertence ao ar, então “os signos de ar focalizam suas energias em ideias especificas que ainda não se materializem” (ARROYO, 2005:108,109). E isso tem sua grandiosidade, porque como bem lembra o astrólogo Stephen Arroyo (2005:109),

…embora os signos de ar sejam frequentemente acusados de ser seguidores de sonhos sem valor prático, estão desempenhando um papel na realização da criação, no nível social mais amplo, pois suas ideias podem, eventualmente, afetar a vida de milhões de pessoas.

 

Isso também porque o ar é o elemento mais agregador. Dos quadro elementos, é o que mais conecta uma coisa com a outra. O ar, assim como a água, é capaz de levar uma coisa para outro lugar e é capaz de mudar a forma das coisas por onde passa. O elemento ar também é capaz de comunicar, justamente porque leva uma coisa de um para outro ponto, agrupando e agregando coisas e pessoas.

O próprio Bachelard (2009:50) compara a terra ao ar ao dizer que “Enquanto para um terrestre tudo se dispersa e se perde ao deixar a terra, para um aéreo tudo se reúne, tudo se enriquece ao subir”.

E não é à toa que os signos de ar são considerados os signos dos relacionamentos. É através do ar que, astrologicamente, as pessoas interagem. O ar em sua forma mutável, gêmeos, que precisa trocar, aprender e ensinar e sempre compartilhar, porque é o ar em constante movimento. O ar em sua forma cadinal, libra, que só é quando tem um outro para ser com ele, que precisa trocar, dar e receber e se ver no outro para saber quem de fato é. E aquário, o ar congelado, ar fixo, que só aprende e vive em grupo, isolado de todos e ao mesmo tempo pertencendo ao todo, compartilhando ideias e ideais para só assim sobreviver.

Até porque por ser o elemento do pensamento, do intelecto e da razão, é justamente o ar o que permite a comunicação entre as pessoas e essa também é uma característica que diferencia o relacionamento humano a outros relacionamentos na natureza: nossa capacidade de interagir pela comunicação intelectual, racional.

Especialmente quando falamos em comunicação social, em vida social, o elemento ar sempre se faz presente. “Bate-papos sobre os mais variados assuntos, conversas interessantes, discussões objetivas e inteligentes, mostrando verdadeira tolerância com relação ao ponto de vista dos outros” (GREENE, 2002: 275) são mesmo características do elemento ar.

Precisamos do ar para viver e é curioso pensar que o ar é o único elemento que não pode ser abafado. Água e Terra podem ser guardados em um recipiente, podem ser “aprisionados”. O ar não. Nem o fogo. Mas o fogo não pode ser abafado, pois quando isso acontece falta o ar, que mantém a chama acesa. Portanto, mesmo o fogo não pode ser aprisionado justamente por causa do ar que, no fundo, é o único dos quatro elementos que, em essência, jamais pode ser contido.

Por isso que os três signos de ar precisam de tanta liberdade, apesar de gostarem tanto de se relacionar. Por isso também que muitas vezes pessoas dos signos de ar vão e voltam sem grandes explicações ou satisfações. E por isso também podem passar uma certa frieza, já que a natureza do ar é estar em todos os lugares e ao mesmo tempo estar em nenhum. Basta pensar no elemento ar como aquele que está em tudo, mas que nunca podemos ver. Por isso também pessoas de ar são consideradas simpáticas, sociáveis, porém muitas vezes frias. Segundo Liz Greene (2002:277,278)

Ar…pode dar a impressão de ser um tanto frio. Realmente, as pessoas de ar muitas vezes têm medo dessa qualidade e tentam, com todas as suas forças, mostrar seus sentimentos nos momentos adequados, com medo de passar por pessoas empedernidas. Na verdade, quem convive com pessoas desse elemento, é muito comum se sentir desligada. É como se a pessoa estivesse lá, naquele instante, e depois se fosse, deixando seu corpo sentado na cadeira, falando sozinho.

 

Diante disso tudo, talvez seja o elemento ar o mais instável de todos. O próprio vento é um reflexo disso. Como diz Bachelard (2009:236): “O vento se excita e desanima. Grita e queixa-se. Passa da violência à aflição”. Em outro momento ele diz que a ambivalência do vento é doçura e violência, pureza e delírio (BACHELARD, 2009:239).

Outra curiosidade em relação à obra de Bachelard (2009:241) e o elemento ar é sua comparação entre a atmosfera da energia do que é escrito à respiração. Mais uma vez intelecto e respiração relacionados, assim como no elemento ar e nos signos que representam suas três manifestações.

Bachelard também compara a poesia à uma alegria do sopro, ou “a evidente felicidade de respirar (2009:245).

E como o ar não tem limites, “pelos sonhos do ar, todas as imagens se tornam altas, livres, móveis” (BACHELARD, 2009:259).

[1] Música: O sonho de Ícaro.

Sair da versão mobile