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E tudo começou com um valete de copas

A Rede Bellatrix é formada por pessoas apaixonadas pelo que fazem e eu não sou diferente. Minha paixão, minha vocação, meu jeito de servir ao mundo estão ligados aos jogos de cartas. Eu me vi crescer com baralhos e não me vejo mais sem eles. Embora eu conheça uma série de jogos de azar e reconheça que os truques de mágica não sejam meu forte, eu confio piamente na minha capacidade de observar padrões formados por um conjunto de cartas e, com isso, identificar padrões de comportamento, ação e eventos a partir deles.

            Eu sou Emanuel J Santos e eu sou um Cartomante.

            A minha história com os baralhos começou muito cedo, já que os jogos de cartas sempre foram comuns em minha casa. Quando meus primos do Rio de Janeiro vinham cá para Minas, era certo que, em algum domingo, reuniríamos e jogaríamos víspora (uma espécie de bingo) ou buraco. E era com um baralho magnífico que a minha avó Helena tinha, mas que sobraram pouquíssimas cartas hoje – e eu guardo com muito carinho.

            Foi minha avó quem me ensinou a ler o primeiro sistema de adivinhação que usei. Certo dia, ela pegou um Valete de Copas nas mãos e disse: “esse é você”. Eu perguntei o motivo e ela disse que era um jovem moreno claro. A curiosidade acendeu e eu não sosseguei enquanto ela não me disse quem eram os outros onze personagens da corte, e os demais significados, e como jogava…

            … E cá estou, vinte e tantos anos depois, fazendo desse mesmo baralho – e de muitos outros – minha missão, meu desejo, meu foco, minha pesquisa, minha forma de servir ao mundo.

            Uma das coisas mais importantes a se saber sobre a Cartomancia é que cada baralho possui sua peculiaridade, cada estilo de leitura possui o seu sotaque e que não é necessário conhecer, como eu conheço, muitos estilos de leitura; é necessário conhecer pelo menos um, bem. Mesmo. É como um idioma: Vale mais a pena saber falar inglês fluentemente que oito idiomas se enrolando todo.

            Isso ainda complica um pouco mais: cada país desenvolveu uma Cartomancia para o baralho comum, aquele de jogar, de 52 cartas. Em cada técnica, são usadas mais ou menos cartas – temos jogos de 32, 36, 40, 48, 52… – e as cartas recebem significados diferentes em cada sistema.

            Sabe o Valete de Copas, o “jovem moreno claro”? Na Cartomancia Francesa, cada carta corresponde a um personagem histórico ou mitológico, e o Valete de Copas corresponde a La Hire, Esse era o apelido de Étienne de Vignolles, comandante de Joana D’Arc. Seu apelido viria de Dies Irae, a Ira de Deus, ou de hérisson, porco espinho, por seu humor tempestuoso e vocabulário calão. De suas histórias, gosto muito de uma oração creditada a ele: “Senhor Deus, rogo que faças por La Hire o que La Hire faria por Ti se Tu fosses La Hire e La Hire fosse Deus”.

Nesse momento em que enfrentamos uma crise mundial, cujos resultados ainda se mostram imprevisíveis, rogo para que Deus olhe para nós como na prece de La Hire: Que encontremos em nossas redes de relacionamento suporte, informação, auxílio, força, coragem e respeito. Que encontremos em nosso Deus o auxílio que ofereceríamos a Ele se fôssemos nós Deus e Deus cada um de nós.

E assim, a minha jornada como Cartomante, que começou com um Valete de Copas, ganha um novo capítulo aqui, na Rede Bellatrix, com um Valete de Copas também. Eu fico muito feliz de estar aqui com vocês! Espero que tenhamos conversas por muito, muito tempo. Um forte abraço e até nosso próximo encontro!

Para saber mais:

MICHELET, Jules. Joana d’Arc. Tradução Plínio Augusto Coêlho. São Paulo: Hedra, 2007.

SANTOS, Emanuel J. Cartomancia: Teoria e prática. São Paulo: Alfabeto, 2016.

TAGS: Cartomancia. Valete de Copas. Emanuel J Santos. Conversas Cartomanticas. PlusCartes.

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