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DR.

Dezembro.

Hora de fazer uma análise profunda em tudo o que aconteceu.

Quando foi a última vez que você conversou consigo mesmo?

Uma conversa franca, sem desculpas, muletas, apontar culpados ou varrer questões para debaixo do tapete?

Eu e eu.

Aqui e agora.

E ninguém pisca o olho até se entender.

Pois foi exatamente o que fiz.

(por isso o atraso na entrega do texto)

Durante dez dias, fiz um retiro de meditação Vipassana.

Nunca ouviu falar? Google it.

Não vou perder linhas descrevendo de onde surgiu, como funciona e muito menos sobre a técnica.

Surpreendentemente eficaz no meu caso.

Eu, que nunca antes havia meditado nem por dez minutos, de um dia para outro estava sentado durante dez horas praticando.

Mais seis horas de sono.

Quarenta e cinco minutos para as refeições (espartanas), quinze para o banho (comunitário).

E o resto do tempo para (não ria) pensar.

Porque você passa dez dias sem poder conversar com ninguém.

Sem nenhum acesso a aparelhos eletrônicos.

Num espaço do tamanho de um pequeno sítio.

Senti pena dos presos da lava jato.

Vi o filme Náufrago e Um grito de Liberdade umas 10 vezes cada na minha cabeça.

Cantei setlists inteiros do David Bowie e Tom Petty sem parar.

E pensei.

Muito.

Muito.

Muito.

E um pouco mais.

Sobre a minha vida.

Pessoas.

Acontecimentos.

Relações.

Sobre os porquês.

As causas.

As consequências.

Chorei.

E ri na mesma intensidade.

Não foi fácil.

Nem um pouco.

Para você ter uma idéia, 20% dos participantes desiste.

Esquema tropa de elite.

Mas com um propósito diferente.

Olhar para dentro.

Sem filtro.

E entender, de uma forma prática, a lei da natureza.

Bem diferente de ler um texto de auto ajuda num blog da Ana Maria Braga.

Sem gourmetização do processo.

Esqueçam os Prem Babas do gênero.

Meditação raiz.

Se pudesse resumir minha experiência em uma frase, diria que foram os dez piores melhores dias da minha vida.

Mas é pouco, muito pouco para poder explicar tudo o que aconteceu.

Uma coisa é certa.

Cada pessoa estava lá por uma razão única, com desejos únicos, e as consequências, claro, foram únicas.

Em comum, apenas a necessidade dessa urgente conversa interior.

Meu conselho: faça.

Mas não diga que não avisei.

Acabo o ano mais leve, com certeza.

Que venham mais 365 dias.

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