Sempre que passa o meio do ano tenho a sensação que estou deixando de fazer várias coisas, esquecendo algo, que algum compromisso ficou pra trás ou que temos pouco, muito pouco tempo para o temido dezembro, mês esse que queremos fazer tudo com seus vinte e poucos dias, encontrar amigos, entregar aquele projeto ao cliente, festejar, resolver problemas, ver aquela lembrancinha, arrumar a casa para o ano novo, organizar a ceia e uma roupa nova se der.
Mas estou vendo de um tempo pra cá em pleno agosto que todo mundo está com a síndrome de dezembro; do “tô ocupado”, “não posso agora”, “tô super enrolado”, “final de mês é puxado”, “começo de mês tá ruim” e assim seguem as mais variadas respostas, e temos ainda 112 dias para dezembro, será que foi o tempo que ficamos na interminável quarentena? Tentamos recuperar agora o tempo perdido ou melhor o tempo parado? Os aniversários não festejados, as viagens que não foram feitas, as vendas que não surgiram pela escassez, a aula que não fomos, as caminhadas que não fizemos, o plano B que não saiu do papel, os amigos que não reencontramos e a vida que não vivemos.
E aí eu te pergunto, tivemos tantos aprendizados nesse tempo de pandemia, e agora, vamos correr, voar e deixar de viver tantas outras coisas? Acho que você tem todo direito de aproveitar com segurança, máscara, distanciamento social e muito álcool em gel esse tempo, mas não esqueça de “desacelerar”, de respeitar seus limites e pessoas, de se programar e se organizar para viver aquilo que nenhum Instagram mostra, vida real com quem você ama e fazendo o que você quer. Permita-se dedicar ao trabalho quando tiver trabalhando, ao estudo quando tiver estudando e a você e sua família quando estiver aproveitando a vida. E comece observar quantas vezes você fala por dia que “está ocupado” para alguém, que sequer teve tempo de perguntar como essa pessoa estava, será que ela não precisava conversar? Ou simplesmente dizer que te ama. Faça esse exercício e saia do automático, desacelerando escutamos mais o lado de dentro e as pessoas ao nosso redor. Se cuide.