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Crianças (e adultos) adotivos

A contribuição da Astrologia & das Constelações Familiares para viver melhor esse amor

Por Titi Vidal

Adoção é sem dúvida um ato de amor. A história comum é de uma criança que por alguma razão não pode ficar com seus pais biológicos. Os motivos podem ser os mais diversos: esses pais não quiseram ou não puderam ficar com seu filho por alguma razão. Seja qual for essa razão, por trás disso está a indisponibilidade desses pais de cuidarem dessa criança. Do outro lado pessoas que não puderam ter naturalmente um filho ou simplesmente por amor e por vontade de cuidar de mais alguém adota essa criança que, abandonada ou tirada de seus pais precisa ser cuidada por alguém. Astrologicamente os filhos estão na casa 5, que é também a casa do “eu”, daquilo que criamos, do amor que temos com nosso parceiro e de tantas outras coisas importantes. Mas nesta casa estão apenas os filhos biológicos. Os chamados “filhos do(s) outro(s)” estão na casa oposta, a casa 11, que é também a casa dos ideais, dos amigos, dos grupos, das nossas expectativas para o futuro e também daquilo que nós criamos, mas em conjunto com outras pessoas. Assim, os filhos adotivos estão na casa 11, onde estão também os enteados, que não deixam de ser como os filhos adotivos: crianças de quem podemos cuidar por amor ao nosso parceiro e com todo amor que teríamos por um filho nosso, mas que foi gerado por outra pessoa que não nós mesmos. De certa forma, podemos considerar a casa 11 como a casa da co-criação, pois nela estão os projetos que não pertencem apenas a nós. No caso dos filhos, sejam os adotivos ou os enteados, isso deve ser levado em consideração, porque essa diferença em relação às casas onde são representados deixa claro que estas crianças têm um outro pai e/ou mãe biológicos e isso deve ser sempre honrado e respeitado. Mas isso não significa que exista diferença em termos de amor, de sentimento e de cuidado, pois quem adota uma criança, assim como quem tem um enteado, pode cuidar junto, pode ser responsável, pode compartilhar, ensinar e amar este filho como se fosse seu. No fundo os enteados vivem situações muito parecidas, mas em geral é mais fácil compreender que existe um pai e uma mãe biológicos que continuam existindo, que são conhecidos e que apenas não estão mais juntos como homem e mulher, mas continuam juntos como pai e mãe daquela criança. O padrasto ou a madrasta está ao lado da mãe ou do pai e pode contribuir muito na formação daquela criança. Pode participar e compartilhar, pode cuidar e oferecer muito amor. Isso pode inclusive enriquecer e fortalecer essa criança, que ganha alguém mais para dar força, amor e carinho. Desde que esteja claro que existe um pai e uma mãe mas que ela também pode receber todo esse amor de outra pessoa, isso só tem a agregar e ela pode ter a sorte de receber vida e tudo mais que precisa vindo de vários lugares. Quando isso é bem vivido, mesmo os pais podem relaxar, porque tem alguém mais com quem contar, apesar de precisarem ter claro que sempre serão o pai e a mãe daquela criança. No caso de uma criança adotiva, via de regra os pais biológicos são desconhecidos e os pais adotivos assumem de fato aquele papel de pais. Em muitos casos essa criança sabe que não é filha biológica, mas nem sempre é assim. Só que quando os pais simplesmente colocam esse filho adotivo em sua “casa 5” para provar esse amor e provar que ama “como se fosse um filho” pode no fundo estar causando algum tipo de problema. O que a Astrologia e especialmente as Constelações Familiares nos ensinam é que a verdade sempre deve prevalecer e que todo mundo deve saber o lugar e o papel que ocupa numa família, num sistema. Isso significa que é importante para os pais (os adotivos, conscientemente e os biológicos, mesmo que inconscientemente) e para os filhos (adotivos) a consciência de que determinados pais lhe deram a vida e que outros pais assumiram o papel de co-criadores, nutrindo, cuidando e oferecendo condições de vida para essa criança, que pode receber um amor verdadeiramente de pai e de mãe, mas sabendo que estes são seus pais co-criadores, e não aqueles que deram fisicamente a vida. Por isso é tão importante que essa criança saiba que ela foi adotada. Quando recebemos a vida dos nossos pais biológicos, recebemos a vida também que vem de nossos ancestrais. Quem perde esse contato com os pais biológicos acaba perdendo também essa força que vem dos ancestrais. Outra coisa que pode acontecer é que por uma fidelidade da alma da criança à sua família de origem, inconscientemente ela não consegue receber todo amor e nutrição emocional que poderia de seus pais adotivos. Por outro lado, por gratidão e fidelidade de sua alma aos pais que cuidam dela (adotivos) muitas vezes não recebem aquilo de bom que seu sistema original, mesmo à distância, tem para oferecer. Uma vez ouvi de um professor que uma criança adotiva muitas vezes é como uma pessoa passando fome com dois pratos cheios de comida diante de si. Então, como resolver esse impasse? O ideal é que a criança (mesmo quando adulta) saiba ser grata aos seus pais biológicos que lhe deram a vida, sem a qual ela não estaria aqui. E que além da gratidão consigam ter compaixão por eles que certamente não puderam ficar com esse filho por algum motivo. Também deve ser grata aos seus pais adotivos, que lhe acolheram e nutriram essa vida que receberam. No fundo, o ideal é que também cada um desses pais possa ser grato ao outro: os adotivos aos biológicos, por terem lhe dado essa vida para cuidar, os biológicos aos adotivos, que poderão nutrir essa vida e dar continuidade ao seu sistema, pois mesmo que todos estejam fisicamente distantes, um sistema nunca se desfaz. Assim, uma pessoa que foi adotada deve internamente reconhecer que ela pertence a dois sistemas e portanto é influenciada por ambos. Assim como influencia ambos. Portanto, quanto mais consciente disso , mais essa pessoa consegue aproveitar o que existe de positivo em cada sistema e se nutrir em dobro. Quanto mais integrar isso internamente, mais plena será essa vida, recebida de um sistema e nutrida por outro que foi capaz de inserir uma nova vida em seu sistema e nutrir essa vida com cuidado e amor.

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