Seguimos com as cartas do baralho francês, e hoje falaremos do Rei de Paus. Um dos personagens mais magníficos que conheço é Alexandre, o Grande (356-323). Alexandre foi um dos maiores conquistadores da Antiguidade, tendo se mantido invicto até o fim da sua vida. Educado por Aristóteles até os 16 anos, aos 20 sucedeu seu pai, Felipe II, no trono. Nos dez anos seguintes efetuou uma série de campanhas militares de sucesso; sua última jornada foi para chegar ao mar exterior, pela Índia, mas voltou atrás devido as demandas de suas tropas, vindo a falecer na Babilônia.
Sua vida é cheia de anedotas: consta que Alexandre era um semideus, e que, portanto, o marido de sua mãe não era, de fato, seu pai. É possível encontrar obras de arte nas quais a mãe de Alexandre está deitada com um dragão ou outro ser mitológico, para justificar essa afirmação.
Outro caso conhecido são as “lágrimas de Alexandre”: o momento no qual o Conquistador cai em si de que todo o mundo conhecido está em suas mãos. Equivale ao momento, seja em um relacionamento, seja na carreira, em que você não vê mais desafios nem tem vontade de continuar, não porque está dando errado, mas sim porque deu tudo certo rápido demais.
Mais uma história: consta que, ao encontrar Diógenes, Alexandre propôs dar-lhe o que ele lhe pedisse. Diógenes então lhe pede que saia de sua frente, já que estava cobrindo o sol. Dessa forma, Diógenes mostrou-lhe duas coisas: que não precisava do que ele, Alexandre, poderia oferecer, e que não permitiria que ele lhe tirasse o que Alexandre não poderia lhe dar.
Mas, entre todas as histórias, uma das mais importantes para nós, hoje, é sobre o Nó Górdio, um problema resolvido por Alexandre. Consta que o rei da Frígia morreu sem deixar herdeiros. Ao consultar o oráculo, foi anunciado que o novo rei chegaria em um carro de bois. A profecia se cumpriu e assim, Górdio, um camponês, foi alçado a rei. Para não esquecer o seu destino, o novo rei colocou o carro de bois no templo de Zeus e o amarrou com um nó, que se mostrou impossível de desatar.
Górdio reinou por muito tempo, sendo seguido por seu filho Midas, que, por sua vez, morreu sem deixar herdeiros. O oráculo foi consultado novamente e pronunciou o seguinte prognóstico: Quem desatasse o nó, reinaria sobre toda a Ásia Menor. Ninguém conseguiu o feito por quinhentos anos.
Ao passar pela Frígia, Alexandre soube do intrigante nó e decidiu encarar o desafio. Depois de muito analisar a estrutura, desembainhou sua espada e cortou o nó, desfazendo-o. Poucos anos depois, Alexandre tornou-se senhor de toda a Ásia Menor.
Dessa anedota decorre a expressão “cortar o nó górdio”, que significa resolver um problema complexo com a maior simplicidade possível.
Qual tem sido o nó górdio da sua vida? Nesse momento histórico, no qual o mundo se posiciona em relação a uma pandemia sem precedentes, inúmeras soluções tem se oferecem, sem, no entanto, nenhuma ter se mostrado, ainda, eficaz de forma definitiva. Esperemos que esse nó seja desatado rapidamente, para nossa segurança e bem estar. Enquanto isso, seguimos em casa. E, por favor, até segunda ordem, #fiqueemcasa.