Este é o nome de um medicamento marcante na história da Homeopatia e que até hoje presta enormes serviços na cura das doenças. Nos conta Hahnemann, na sua obra de exposição da farmacologia dos medicamentos intitulada Matéria Médica Pura (1825), que ao estudar este medicamento teve pela primeira vez a intuição da Lei dos Semelhantes. Ele já conhecia amplamente as leis de cura conforme descritas por Hipócrates nos seus famosos aforismos, mas o insight para sua aplicação na cura dos doentes veio por inspiração ao estudar a Matéria Médica de Cullen, em 1790. Nesta obra, Cullen discutia a ação deste medicamento e imputava seu poder de baixar a febre à cor branca do pó e seu sabor amargo. Como grande estudioso da química e farmacologia, Hahnemann sabia que outras substâncias eram amargas e não abaixavam a febre e muito menos a cor branca servia como explicação. Percebeu ali o que seus longos anos de tradução de obras médicas conferiram. Se tratava da lei de cura anunciada por Hipócrates e a muito esquecida de sua aplicação prática, “os semelhantes que se curem pelos semelhantes”. Estava tudo muito bem claro na descrição dos efeitos e intoxicação. A Cinchona curava febre pois era capaz de provocar a febre. Naquele 1790, Hahnemann tomou a resolução que seria determinante na história da medicina. Resolveu experimentar em si mesmo e dai surgiu a primeira experimentação pura. Seu interesse pela China off. não ocorreu por acaso, apesar do acaso agir nas ciências desde sempre. Esta substância é preparada da casca da árvore Cinchona calyssaia da família das Rubiaceas, encontrada nas montanhas da cadeia dos Andes peruanos. Seu nome se deva à esposa do vice-rei do Peru, conde de Chinchón, que em 1630 se curou de uma febre, provável malária, por um remédio preparado pelos índios com a casca desta árvore, chamada nesta região de “pau das febres”. As Rubiaceas são muito ativas como demonstram o café, a ipecacuanha e o jenipapo. Entre os alcaloides de atividade terapêutica obtidos de sua casca temos o quinino e a quinidina. Este foi o primeiro medicamento de patente mundial. Os Jesuítas controlavam sua extração remota e comercializavam com a Companhia das Índias Ocidentais, que vendia caro na Europa e no mundo este eficaz antitérmico e tônico. Ainda hoje se combate a febre terçã da malária com quinino e quinidina, ou se consome o refrigerante “Água Tônica de Quinino”. Só para o gênio de Hahnemann significou a descoberta que inauguraria a HOMEOPATIA: SIMILIA SIMILIBUS CURENTUR. Ao resolver tomar pequenas doses desta substância repetidamente estava lançado o método das experimentações homeopáticas no indivíduo são e aberto a ciência da experimentação pura com sua observação acurada dos efeitos dinâmicos das substâncias. Salto maior só ocorreria com o método das dinamizações, que explicaremos em outra ocasião, capaz de desenvolver os efeitos das substâncias sobre os organismos vivos numa escala exponencial. Hahnemann tratou de descrever os sinais e sintomas que foram aparecendo após ingerir a China em toda a sua extensão segundo os sentidos e aptidões humanas, em sua totalidade, obtendo o quadro de ação pura da China off. Esgotamento físico, apatia mental, desânimo, hipersensibilidade dos sentidos, dor de cabeça, fraqueza por perda de líquidos, palidez, sede de água fria, hemorragias, anorexia, periodicidade dos sintomas, como febres a cada 3 dias… ia muito mais além do que ter um poder antitérmico ou tônico. Havia uma modulação destes sintomas que os tornavam únicos e peculiares, próprios para serem usados como guias em casos que apresentassem estes sintomas. Para a Homeopatia não basta decorar os efeitos dos medicamentos, para isso podemos consultar as Matérias Médicas Homeopáticas. É necessário compreender bem a ciência de Hahnemann nos seus fundamentos, e na prática examinar bem os doentes para encontrar o medicamento que lhe corresponde. Assim a humanidade sofredora poderá se beneficiar deste método de cura em toda a sua extensão.