E porque NÃO estamos nem estaremos tão cedo na Era de Aquário
Em pleno solstício de Capricórnio de 2020, dia 21/12, Júpiter e Saturno se encontraram no signo de Aquário. Este encontro acontece a cada 20 anos, e marca o início de uma nova fase, ou ciclo.
A importância dos ciclos
Vale lembrar que Astrologia nos ensina muito sobre ciclos e que acontecem muitos deles o tempo todo, alguns mais rápidos e frequentes, outros mais lentos e distantes. Cada um deles tem seus sentidos e significados e sempre estamos vivendo vários deles simultaneamente.
Entre os ciclos mais conhecidos e percebidos, estão os de Sol e Lua.
O Sol, ao longo de um ano, transita por todo zodíaco, completando sua jornada ou revolução astrológica. Este ciclo, astrologicamente, é notado pela presença do Sol em cada um dos signos astrológicos. E, por todos nós, vivenciado como estações do ano.
A Lua, por sua vez, mais rápida, completa seu ciclo a cada aproximadamente 29 dias. Percebemos isso pelas fases da Lua. A cada encontro entre Sol e Lua temos uma Lua Nova. Depois, de acordo com as relações que se formam entre Sol-Terra-Lua, temos as fases da Lua.
Assim como Sol-Terra-Lua formam certos movimentos e ângulos, promovendo os ciclos e seus desenvolvimentos, isso acontece também na relação entre os diversos planetas.
Assim, tem tempos em tempos, planetas “encontram-se” no céu, no que chamamos de conjunção, e passam a se desenvolver a partir daí, trazendo à tona determinados assuntos e uma nova fase que pode durar até que eles voltem a se encontrar.
Tal qual a Lua e suas fases desenvolvem os assuntos trazidos à tona pela conjunção – Lua Nova, o mesmo acontece no caso de todas as demais conjunções.
A grande conjunção Júpiter-Saturno em Aquário
Júpiter demora quase 12 anos para dar uma volta completa pelo zodiáco, enquanto Saturno leva aproximadamente 29. E enquanto transitam pelo zodíaco, a cada 20 anos aproximadamente têm encontro marcado.
São como marcos históricos, que em geral trazem mudanças na percepção e construção da sociedade, podendo ter efeitos políticos, sociais e econômicos.
Júpiter e Saturno chegaram no signo de Aquário praticamente juntos desta vez, em dezembro de 2020, e logo encontrarem-se nesta grande conjunção marcada por uma série de outras “coincidências” ou sincronicidades.
Em um ano tão desafiador como 2020, em pleno solstício, e não apenas em uma grande conjunção, mas também em uma proximidade astronômica maior.
Vale lembrar que os solstícios marcam os inícios das estações do ano, que também são inícios de ciclos.
Júpiter e Saturno em Astrologia Mundial e em nossas vidas individuais
Júpiter está relacionado aos bancos e instituições financeiras, é um dos indicadores econômicos e nos conta muito sobre os mercados. É possível, ao estudar Júpiter, compreender um pouco mais sobre os mercados e saber quais deles estão em expansão. Também é possível fazer análises relevantes sobre consumo.
Individualmente, Júpiter traz expansão, sorte, proteção, podendo, também, amplificar qualquer coisa que já esteja acontecendo. Seus ciclos em nossas vidas estão ligados ao nosso desenvolvimento pessoal.
Saturno, por sua vez, está relacionado aos períodos mais desafiadores, ao clima de economia e cautela, às questões ligadas à infra estrutura e resultados que só vêm com esforço e com o tempo. Fala sobre os mercados em queda e a necessidade de se cortar tudo que é supérfluo. Saturno, aliás, esteve muito forte em 2020, enquanto esteve em Capricórnio e, agora, em Aquário, também está em casa. Começou o ano com uma grande conjunção com Plutão, e fecha o ano com outra, com Júpiter, em Aquário.
Em nossa vida individual, Saturno é responsável pelo nosso desenvolvimento estrutural e amadurecimento ao longo da vida.
A grande conjunção Júpiter – Saturno está relacionada aos ciclos de grandes capitais e fala muito sobre o contexto econômico. Está relacionada a grandes parcerias, aglomerados políticos e econômicos e contratos e tratados importantes no mundo.
Em geral está relacionada a momentos que pedem investimentos mais tradicionais, ortodoxos, atitudes mais defensivas ou controladas do ponto de vista mercadológico.
Vale lembrar que 2021 teremos a forte presença do desenvolvimento da grande conjunção Saturno – Urano, neste momento em quadratura. Falarei a respeito em outro artigo mais adiante.
Vimos muitos marcos e tratados econômicos acontecendo sob essa grande conjunção ao longo da história.
São momentos mais realistas, com menos especulação, que privilegiam os investimentos de médio prazo.
Os mercados clássicos costumam se sobressair. Mas, vale lembrar, que em Aquário os mercados digitais, que em 2020 ganharam mais fôlego, tendem a crescer ainda mais. Talvez neste momento se estruturando melhor.
Júpiter e Saturno juntos também trazem medidas regulatórias importantes.
Do ponto de vista político, costuma aumentar a tendência mais conservadora, na linha do que já vem acontecendo. Porém, em Aquário, podemos ver algumas mudanças neste sentido.
De qualquer forma, Júpiter e Saturno trazem marcos políticos e econômicos e sociais relevantes.
Desta vez, temos alguns detalhes extra para observar. Entre eles o fato de que depois de praticamente dois séculos com predominância desta Grande Conjunção nos signos de terra, ingressamos num novo período onde elas acontecerão nos signos de elemento ar. Vale ressaltar que 40 anos atrás já aconteceu uma Júpiter-Saturno em Libra, que é signo de ar.
Vale ressaltar que um novo ciclo tem de fato início, uma nova fase na qual vamos construir tudo mais coletivamente, nos moldes do arquétipo do signo de Aquário.
Até porque Júpiter ficará alguns meses em Aquário (até quase o fim de 2021) e Saturno alguns anos (até março de 2023). A partir de 2024 será a vez de Plutão ingressar em Aquário para ficar muitos anos e, por isso, esta energia tende a nos acompanhar por algum tempo.
Em Astrologia Mundial, Aquário representa quem está contra o governo, incluindo governos paralelos. Fala sobre ONGs e hierarquias mais horizontais. Costuma trazer revoluções, ampliação da necessidade de se fazer ciência e seus desenvolvimentos. Pode trazer convulsões sociais, novas descobertas e é um signo altamente ligado à tecnologia de ponta e invenções em geral. Astronomia e Astrologia costumam ter desenvolvimentos importantes também, assim como a aviação e toda tecnologia espacial.
Aquário promete revolução nos costumes e ideias, mas está também ligado ao capitalismo. Pode trazer ideias fantásticas que geram choques culturais importantes. Formas de desenvolvimento de energia também entram em pauta.
Assuntos que envolvem grupos e comunidades ficam evidenciados também.
Com Júpiter e Saturno juntos em Aquário, podemos ter estes assuntos questionados e em desenvolvimento, crescendo por um lado e precisando se estruturar de outro.
Vale lembrar que Júpiter e Saturno têm em comum questões éticas e de justiça e que muito sobre isso pode ser falado nos próximos tempos, inclusive, em Aquário, podemos ver muito sobre regulamentação de tecnologia e internet, por exemplo.
Mas o que a Era de Aquário tem a ver com isso?
Absolutamente nada! As grandes Eras são outra coisa… De acordo com um dos muitos movimentos da Terra, chamado Precessão dos Equinócios, temos um grande ciclo que tem aproximadamente 26 mil anos de duração.
Dividindo esse grande ciclo temos as 12 grandes Eras que têm mais de 2000 anos de duração cada. Elas acontecem com o zodíaco caminhando no sentido contrário. Neste momento estamos na Era de Peixes, iniciada por volta do ano ZERO (início da Era Cristã). Há décadas se fala sobre o possível amanhecer da Era de Aquário e/ou de seu efetivo início. Mas é importante ressaltar que o ciclo que inclui as grandes Eras não tem nada a ver com aspectos astrológicos.
É um ciclo que acontece por si só e que tem a ver com o ponto vernal. Muito em resumo, depende de para onde o eixo da Terra aponta e, hoje, aponta para Peixes. Levaremos, ainda, em torno de 300 anos para migrar para Aquário.
Além disso, ao falar sobre Era de Peixes ou de Aquário, saimos um pouco da Astrologia Tropical (que considera as estações do ano e o zodíaco tropical, pelo qual o Sol “transita” ao longo de um ano), com a qual trabalhamos. Além disso, estando em qualquer uma delas, isso não é das coisas mais relevantes em nossa vida, uma vez que estamos falando de um ciclo enorme que marca grandes Eras da humanidade como um todo e não de determinadas sociedades e momentos. É praticamente irrelevante estarmos em uma ou outra Era, uma vez que isso é algo que abrange um longo período histórico, que, posteriormente, estará nos livros de história (se eles ainda existirem no futuro).
É curioso, ainda, que tudo que se fala sobre a Era de Aquário na qual supostamente estaríamos não faz qualquer sentido pensando no próprio arquétipo de Aquário. Essa coisa fraternal, mística, integrada, sonhadora, desapegada e empática que se prega desde os tempos hippies de décadas atrás tem muito mais a ver com Peixes do que com Aquário.
Ao meu ver, quando estivermos na Era de Aquário é muito provável que a tecnologia esteja ainda mais no comando, que o mundo dos sentimentos e questões afetivas sequer importem.
Sabem aqueles filmes de ficção científica nos quais tudo é controlado e tecnológico? Provavelmente isso se dará por completo na Era de Aquário, quando talvez já seremos transhumanos e viveremos com a presença ainda maior das tecnologias.
Até lá estaremos construindo tudo isso. Até porque, como tudo é cíclico, nada em Astrologia simplesmente começa ou termina em um determinado momento.
Quando uma grande conjunção ou Era começa, por exemplo, seus efeitos já podem ser sentidos um pouco antes, assim como os efeitos do que termina algumas vezes seguem por algum tempo.
Talvez estejamos mesmo no amanhecer da Era de Aquário, como diz a letra da música Aquarius, que há décadas faz sucesso desde o musical e filme Hair, imortalizada na voz de Ronnie Dyson.
Mas, ainda que estejamos, estamos avistando apenas ao longe alguns raios de Sol de um distante amanhecer.
De acordo com explicações astronômicas do programa de Astronomia Starry Night, “a precessão fará com que todo o sistema de coordenadas celestes mude ao longo do tempo, uma vez que este sistema de coordenadas é baseado nas projeções do NCP, SCP e do equador da Terra no céu. Isso significa que a posição dos equinócios (ponto de interseção entre o equador celestial e a eclíptica) também se moverá lentamente para o oeste entre as constelações do zodíaco“.
A imagem abaixo, do próprio programa Starry Night, ilustra que, “no momento, o equinócio vernal está na constelação de Peixes. A primeira pessoa a notar a precessão dos equinócios foi Hiparco, no segundo século AC. Ele fez isso comparando suas observações com o trabalho de astrônomos babilônios de três séculos antes”.
Aliás, isso tem relação com o que chamamos de Estrelas Fixas e esse pequeno movimento que elas “fazem” no zodíaco a cada 72 anos movendo-se um grau no zodíaco.
Assim, o mais importante é ressaltar que o início de uma grande Era não tem absolutamente nada a ver com a presença de planetas no signo com o qual ela se relaciona, tampouco tem início por conta de qualquer grande conjunção.
Voltando à grande conjunção Júpiter & Saturno em Aquário…
Talvez estejamos tão cansados de tudo que passamos a acreditar que portais mágicos e mudanças drásticas podem nos salvar, mas, voltando à grande conjunção entre Júpiter e Saturno em Aquário, ela é certamente um convite para que sejamos uma sociedade diferente, mais coerente, com mais respeito à diversidade e às diferenças, enquanto repensamos os modelos sociais, culturais e técnológicos, bem como nossas relações interpessoais e sociais, e nossa relação com a técnologia, por exemplo.
Acho que precisamos nos reconstruir como indivíduos e como sociedade e esta é uma bela chance para que possamos fazer isso.
Ademais, uma conjunção dessas vem convocar a todos para termos mais responsabilidade social e coletiva, para que possamos de fato perceber que cada um de nós é, sim, responsável pelo todo.
E assim viveremos nos (re)construindo nos próximos 20 anos, mesmo depois que ambos planetas já tiverem deixado o signo de Aquário, afinal, o início de uma grande conjunção é só o começo de algo que veremos desenvolver por muito tempo. E isso vale também para as grandes conjunções que aconteceram em 2020, e cujos efeitos seguiremos sentindo e vivendo em nossas vidas.
Júpiter e Saturno em Aquário também é um convite para repensar a forma como olhamos a vida e sermos mais conscientes e ativos na construção do que desejamos. Ao invés de esperar que o céu fique bom, essa grande conjunção vem nos convidar a fazer com que as coisas sejam melhores. Por isso, assim como todo resto em Astrologia, não é um aspecto bom ou ruim, mas sim um convite para que possamos crescer mais (Júpiter) de forma mais estruturada (Saturno) e mais responsáveis uns pelos outros (Aquário). Que assim seja.